Um Circo, um Palhaço, um Pipoqueiro, alguns amores, muitos porres. E uns textos complicados sem pé nem cabeça.

13.1.15

“Let me know when you’re done”

Eu esqueci de muitas coisas que me ajudaram a conseguir outras coisas, e isso me torna um veterano inexperiente, por sorte. Não há know how algum, e então não há o que possa ser ensinado ou revisitado – o que me faz ser um barco à deriva de novo e de novo. É como o pirata que enterra o baú do tesouro e joga o mapa fora: se quiser achá-lo mais uma vez, vai ter que penar. E aqui estou eu, penando. 

E se quer saber, eu não ligo a mínima. Aprendi a penar. E depois aprendi a não ligar a mínima. Como em 2005, eu tive que sair do corpo pra ver de fora como eu era, e daquela vez eu não gostei do que vi. E tudo bem. Tudo bem não gostar de quem você é hoje e não querer saber o porquê. Tudo bem também não querer mudar – o que para alguns é muito mais do que uma opção (querer não basta). 

Comecei a entender muita coisa sobre mim, e vi que havia muita coisa boa a ser piorada e vice-versa. Eu sou muito menos auto-crítico hoje – o que seria impossível de imaginar há alguns anos – mas isso não me torna necessariamente uma pessoa melhor, porque fiquei mais intolerante quanto aos outros que me cercam. Não sou de opinar, não vou entrar na sua vida e dizer o que você está fazendo de “errado”, mas vou registrar isso como algo que não deve ser feito. Pode ficar tranquilo, o que é certo ou errado depende de cada um. 

Eu melhorei quando o assunto é complacência às mulheres. E talvez por isso eu tenha tentado ficar longe delas – ou pelo menos daquelas que eu só posso fazer mal. “Se eu não posso fazer o bem, não faço é nada” – é mais ou menos por aí. Viu só, alguma coisa eu aprendi e não me lembro como. Há um tempo uma delas me disse que estava levando a vida como a de um alcoólatra em recuperação: um dia de cada vez – e eu achei uma grande bobagem, mas hoje entendo que ela tinha as razões dela. É muito mais fácil assim.

14.1.14

O ano da formiga

Tenho dito já há algum tempo que este ano deveria ser o ano da formiga, e não o da cigarra. "Deveria", assim no futuro do pretérito mesmo. Em algum ponto dos trilhos eu decidi virar a alavanca e mudar o trajeto, lá atrás, coisa de uns quinze meses. Pode ser que essa tenha sido a decisão mais inconsequentemente correta que eu já tomei na vida, e sem querer usar "linguagem de menina", eu liguei o foda-se de acordo.

Fui atrás dos meus suspiros. Torrei a porra do dinheiro que eu ganho como quem abre a torneira pra escovar os dentes e vai pro sofá terminar de ver o jogo. Viajei pra onde tive vontade de viajar (e enriqueci muito aí) e comprei coisas intangíveis - sensações que as notas do dinheiro não pagam. 

Descobri com quase trinta anos muitas coisas que outros descobriram com vinte e poucos. Talvez o meu caminho tenha se invertido lá no começo, quando precocemente tive que fazer o contrário. Digo que foi o ano da cigarra, mas durou pouco mais do que doze meses. Conheci um monte de mulheres depois que fiquei solteiro - talvez não me orgulhe disso, mas tentei encontrar nelas algumas coisas que não tinha encontrado até então. E nem por isso as maltratei. 

Como no começo dos meus vinte anos, meu coração endureceu de novo ("harden your hearts!", lembra?), e posso afirmar com toda certeza que não foi por querer. Talvez eu já tenha dito muitas vezes que não quero e não pretendo "amolecer", mas é tudo da boca pra fora, porque tenho que manter a casca em dia.

Enfim, eu as conheci e elas tiveram um peso enorme pra que as coisas continuassem do mesmo jeito. Por culpa minha, e não delas. Agora cheguei ao ponto de tentar desligar o foda-se, colocar o trem de volta nos trilhos e rumar pra que o ano da formiga aconteça. Arregaçar as mangas e trabalhar um pouco não vão me fazer mal agora. Talvez estudar também não. Espero só que esses meus planos cabeçudos consigam superar o que ficou enraizado durante esses meses. E pago pra ver.

13.1.14

Went to see the gypsy...


Não, eu não gosto dela de verdade. Eu acho que não. Pode ser que ela esteja mais em meus pensamentos do que no coração - não tenho muita certeza do que é gostar de alguém com o coração já faz algum tempo. 

Ouvi esses dias que a superstição está presente em praticamente 100% das pessoas inseguras. Ok, não bato no peito pra dizer que sou o cara mais seguro da Terra, mas então quem é? Isso não quer dizer que todo cara inseguro seja supersticioso... mas voltando, há uns 5 anos atrás tive a oportunidade de conversar com uma cigana. Sei que estas coisas místicas são renegadas pela religião católica, assim como São Jorge, São Cosme e Damião, etc, que tiveram origem no catolicismo e em depois de um tempo foram excluídos. Mas também não sou dos mais católicos, enfim...

Essa tal cigana estava em uma festa de fim de ano da empresa, eu já tinha tomado uma meia dúzia e fui "empurrado" pra ir falar com ela pelas meninas que trabalhavam comigo na época - "você tem medo do que pode ouvir?" - daí eu fui. É, eu não sou muito de acreditar nessas coisas, mas como diz meu lado entusiasta, é só me convencer que eu passo pro seu lado. E a mensagem foi bem clara - "Cai fora, ela vai tentar estragar sua vida..." Daí ela deu alguns detalhes de como as coisas iriam acontecer nos próximos anos (e praticamente tudo aconteceu, de fato. Por isso estou tentando acreditar e não achar que ela era uma charlatona).

A grande merda é que eu forço até o talo pra provar o contrário. Esse sempre foi o meu forte - a teimosia. Mas no cerne da minha consciência eu tentei me afastar dela, fiz mais do que eu podia, devo dizer. Fui durão! Mas "vira e mexe" ela volta à carga, enche a minha cabeça de caraminholas e quer que eu esteja ali pra ela. E eu não estou, mesmo querendo estar.

Não sei se acredito nas minhas convicções ou na cigana. Ou talvez a cigana seja a minha própria convicção dizendo o que devo fazer.




8.1.14

Meu eu entusiasta


Talvez no fundo, bem lá no fundo mesmo, eu nunca tenha dado importância pra nada na vida. Eu não sei bem onde eu estava, mas lembro bem quando foi que perdi o prazer por tudo o que supostamente deveria me oferecer prazer. A mulher do sonho (Sara?), um show animal que deveria ser épico, um final de semana com as melhores pessoas do mundo, algum bom dinheiro, etc.? Sem modéstia, cheguei ao ponto que eu esperaria chegar em todos estes quesitos. E nada disso me satisfez por completo - digo completo mesmo, extremo auge do prazer.

É claro que tudo isso é indispensável - mulher, amigos, rock and roll e um pouco de grana, mas ainda não cheguei ao nirvana. As pessoas costumam se dividir entre otimistas e pessimistas (e muitas vezes sou enquadrado na segunda opção), mas acho que não sou nenhum, nem outro. Sou um entusiasta. Se você me provar que devo estar otimista, otimista estarei. O mesmo vale se me provar o contrário. Sem argumentos, não tem conversa.

Pode ser que durante os anos eu só tenha me polido demais. Aprendi muito bem a lidar com a derrota, e isso às vezes é ruim. Minhas expectativas são extremamente baixas pra grande parte das coisas que faço ou anseio. Acho até que eu sei lidar melhor com os fracassos do que com os sucessos - é isso, aí uma grande verdade, sou um ótimo perdedor e um péssimo ganhador.

Não quero esperar que o tempo chegue e me diga se fiz bem ao me moldar durante os anos. Talvez seja melhor estar nu e cru novamente, sem vícios e manias que foram se apossando de mim. Não sei por onde começar. Não sei se devo ou preciso começar. Não quero ter tempo de pensar nessas coisas!

5.9.13

dead heart trail

ask your heart to tell mine 

we're in pain again

we're ripping it all off

I do mean it

like living on a trail

that never ends

no water

raincoats
nor mercy

no loving conditions so far


pls ask your heart again

where the hell is this trail
taking us all?



18.4.13


we dont fit


told the birds I cant sing

and the bees
I cant dance in the air
that way

then told the world

I’ve been wrong and
wrong for years

told my ears they cant speak

and my punch 
we cant hit

to my son we wont meet

and his mom 
we dont fit

4.1.13

wtf 2013?

2012 foi-se embora, e nenhum "postzinho" por aqui. Não me rendi! E vou dizer uma vez só: Adios!

Quem sabe outro dia, velhas histórias, hã?

15.10.11

E aí carinha. Tudo em riba?

Eu aqui, você aí, e um tempão todo que se foi e nunca mais nos tivemos. Nem "tchuns"! Não precisa nem perguntar, eu recorri aos goles sim. Estou aqui chorando porque bebi o meu café da manhã de alguns anos atrás e já estou me sentindo como se fosse o terceiro dia seguido de bebedeira. Que vergonha, hein?

Once and again, o que sobrou aqui foram só as coisas ruins. Posso considerar isso como sendo "crônico", e talvez um dia aposentar. Fraqueza seria o nome dessa coisa crônica. E beber nesta fonte hoje em dia é como assistir coisas no Telecine Cult. Me ajuda aí...

1.1.11

Hoje é primeiro de janeiro de um ano que chega sem ser convidado, um penetra. Eu não pedi para que chegasse logo, como sempre. Esse tipo de coisa precisa parar de acontecer. Natal, Ano Novo, etc. É um tapa na cara daqueles que tem boas memórias de tudo o que já foi e não vai voltar mais. Daqueles como eu, que se sentem na obrigação de começar do zero a cada início de ano. Mas dessa vez eu só quero pegar o ano de onde ele parou, chega dessa coisa de tudo novo (e diferente). Eu quero mesmo é o caos.

1.7.10

boa noite meu b-l-o-g.

afinal, quem sou eu, e o que faço aqui? o tal escritor de ontem hoje dorme em sono profundo, não sabe sequer o que fazer com as palavras. enfim, ele me odeia. ele me odeia porque juntei-me aos outros, porque praticamente desisti. aí está a grande verdade.

ele se foi e deixou-me apenas os resquícios das coisas ruins que ele tanto adorava e venerava. o cigarro, o rock and roll e os espasmos de poligamia. deixou uns traços do descaso e desinteresse pela vida longa, pelo desprezo aos que hoje me pertencem e me rodeiam. mas tudo isso é muito pouco pra me fazer voltar a ser como antes. hoje existe um motivo maior. não a razão pra ter feito tudo isso ter ido embora, mas sim para que o que hoje veio, fique.

e quando nos encontramos, aí é briga de gente grande.

18.1.10

Adios!

Eu troquei todos os meus sonhos e planos por agora, pelo dia de hoje. Não consigo dizer o que foi que deu em mim, mas de uma hora pra outra as coisas mudaram e eu resolvi voltar atrás. Todos os dias eu acordava coçando a orelha, porque não sabia ainda o que seria da minha vida nos próximos vinte ou trinta anos, e eu traçava planos, metas, economias e anseios. E um dia eu vi pessoas próximas morrerem sem ter concluído tudo o que gostariam. E aí? E aí que um dia tudo vai entrar pelo cano, e se eu não estiver satisfeito com tudo isso, não terei outra oportunidade.

10.7.09

Por que dar um passo atrás

Eu prefiro pensar que tudo continua como antes. Não porque eu seja um otimista de mão cheia, mas sim porque antes era bem melhor do que agora. Eu ainda prefiro o velho eu, com dezesseis anos te esperando na varanda de casa, vendo você passar logo depois do almoço, voltando da escola. E prefiro ainda você daquele jeito menor, mais chata e impulsiva. E também não é porque talvez eu queira voltar no tempo e tentar consertar tudo o que fiz questão de estragar, mas porque volta e meia eu busco algum perdão ou coisa parecida pra tirar o peso das costas.


Às vezes eu me covenço de que é tarde demais, que eu deveria juntar meus cacos e seguir em frente. Mas eu não costumo fugir de briga, não. Pode ser que demore um bom tempo pra que eu tenha muita certeza de que nada vai ser como antes, mas eu não estou nem aí para o que os chavões dizem. Eu já me diverti tanto por aí que estou andando em círculos outra vez e isso me cansa. Parece que eu sempre saio ganhando, sou o primeiro a pegar as coisas e cair fora, batendo no peito e cantando vitória. Mas quando eu mal olho para trás vejo que quem perde sempre sou eu mesmo, porque elas se fortalecem e aprendem com as canalhices que ficam. E agora tudo o que eu quero é passar uma borracha em tudo.

31.5.09

Errei, confesso.

Fazer escolhas nunca foi o meu forte. Só Deus sabe o quanto eu me transformo nestas horas. E eu não estou falando da indecisão, da dúvida por optar por isso ou aquilo, mas sim de apenas não querer escolher. Talvez seja só uma forma de me acovardar e fugir das responsabilidades. Talvez um pouco mais do que isso. Talvez seja o meu lado egoísta falando mais alto, mostrando toda a minha capacidade de não dar o braço a torcer e colaborar. Meu pai diz que eu escolho sempre os problemas menores pra tentar resolver das maneiras mais dolorosas e impossíves, e acho até que ele tem razão.

Frequentemente tenho me perguntado em que momento da vida eu adquiri esse jeito de lidar com as coisas, mas não consigo encontrar nada muito convincente. E muitas vezes o que penso ser a resposta vai de encontro com aquilo que escolhi ser e também o que projetei. A verdade é que a vida me tirou do caminho e agora eu acho que é tudo culpa dela. Mas não é. O meu modo de ser ríspido e grosseiro não posso mais controlar. Outras vezes consigo ser amável ao extremo, e também até evitar este tipo de coisa. Mas o teimoso ranzinza que perdura tende a cada dia querer ser ele mesmo. E vai desde o modo como abordo as pessoas até a canalhice que vez ou outra me toma.

Eu não queria ser assim. E isso não é um ato de autoflagelação, pelo contrário. É só um jeito de tentar entender as coisas e refletir sobre os erros pontuais. E isso é algo que não faço há muito tempo. Eu deixei as coisas seguirem, e aqui estou, achando que a maioria das mulheres que me relaciono são apenas um pedaço suculento de carne e sem muito sentimento. E quando descubro que estou errado, já é tarde demais. Eu tenho que acreditar mais nas pessoas, e às vezes acho que elas não me transmitem confiança, mas acho que a grande questão é até que ponto estou disposto a ceder e pagar pra ver? Hoje, muito pouco. E eu tenho que correr se quiser mudar o curso da minha vida.

Ao menos tenho um pingo de consciência que estas coisas devem ser consertadas, e acho que já é um bom começo. Fico culpando outros por eu ter me transformado nisso, mas não, eu me criei assim e agora vou ter que mudar os canais pra tentar refazer tudo de outra forma. Eu só preciso de um bom motivo pra começar.

3.2.09

Por quem beber?

Desta vez eu tinha um motivo muito convincente pra encher a cara e dormir sem tomar banho. Eu poderia sair sozinho, sentar em um bar qualquer e beber até minha cabeça voltar ao normal. Não por causa da bebida, mas pra que as coisas ruins saíssem mesmo. Mas aí eu fico pensando onde isso vai me levar. E também qual o significado desta reação. E o que eu ganho no dia seguinte é uma bela ressaca, mais por ter cedido aos goles do que pelos efeitos do exagero.

Mas depois eu penso que deveria mesmo é ter bebido bastante, porque era assim que eu fazia antes. E dava certo. Era assim que eu fugia de mim mesmo, das coisas que eu não queria ter de encarar, e me culpar apenas por bebido e não por ter cedido. Daí eu ponho em cheque o tamanho do meu orgulho, e a minha teimosia em levar tudo do meu jeito e não escutar ninguém. As coisas só prestam se eu decidir que prestam, e é isso. Então tropeço nas minhas próprias pernas e tento não aceitar o que eu não consigo escolher. E descubro que ela não vale meus goles.

19.1.09

Despoupe-se

Dois mil e nove já começou, e eu não estou nem aí pra isso. Se todos se cumprimentam e fazem votos de um bom ano, cheio de glórias e esperança, tudo o que eu posso dizer é que 2008 se foi, e foi tarde. Não tenho vontade de olhar pra trás e pensar em aproveitar todas as coisas boas que me aconteceram e também aprender com aquilo que falhei. O que é importante na verdade é o ano inteiro que se tem pela frente, completamente em branco, sem planos disso ou daquilo. Nada de pegar a folhinha e marcar as datas "x" ou então quando serão os próximos feriados.

Talvez de um tempo pra cá esse tipo de coisa tenha perdido o seu valor. Não há o que lamentar ou se arrepender de não ter feito. O novo ano é apenas uma oportunidade como outra qualquer, onde as mesmas cagadas se repetirão por si só, sem mais nem menos. E não adianta tentar mudar.

Se antes o negócio era se precaver pra não se ferrar daqui há algum tempo, hoje digo que esse tempo deve ser amanhã, e nada além. Tem que ser um dia de cada vez, fazer agora pra colher agora. Porque tudo isso pode não durar, pode acabar amanhã mesmo e daí todo esse zêlo que você teve a vida toda descerá descarga abaixo. É isso. Um dia de cada vez. E eu sei bem o que isso têm significado.

11.12.08

I'm ok

too many fights and no turning back
endings later

now she says I’m ok
to her

and I'm the man she wants
beneath her bedsheets
when the winter comes

to make her beet juice
and meals while she's
out to work

to take her puppy for
a two corner walk
and let the fresh air join
his tiny lungs
and give him something to eat
or drink
or play with

and I'm ok
to her

just like no other man
could ever be

sex twice a day
nice cars to drive
fancy clothes and
bottles

no hard work
no putting up bosses
and tax collectors

and I'm ok
to her

all free of charge.

9.11.08

Extremidades conflitantes

Eu admiro pessoas com um alto poder de controle sobre si mesmo, a começar por tudo aquilo que é prejudicial à saúde ou qualquer coisa do gênero. Às vezes eu até sinto inveja. Como é que conseguem ser tão fiéis a seus princípios? Tem gente que não consegue comer carne, por exemplo. Daí eu pergunto: como? Confesso que já tentei controlar minha alimentação, comer algumas coisas mais saudáveis e que não me façam engordar, mas péra lá, tudo tem limites. Uma coisa é você comer aquilo o que gosta e sentir um puta prazer. Nestas horas eu não quero nem saber quantas calorias tem ou deixa de ter, o que me importa é a sensação que tenho depois de feito. Outra coisa é você sofrer a ponto de não comer, porque aquilo tem 600 calorias e vai te deixar mais “fortinho”.

Voltando ao “como é que conseguem ser tão fiéis a seus princípios?”, é aí que eu vejo o quanto eu sou prostituído e me convenço muito fácil de que estou sempre certo. A minha guerra é sempre comigo mesmo, do certo contra o errado, do justo contra o injusto e assim por diante.

A minha vida sempre foi levada ao extremo, desde pequeno. Se não é pra muito-muito, então é pra muito-pouco. Bebida demais, cigarro demais, comida demais, mulheres demais, economias demais, e tudo isto e mais um pouco também de menos. Eu consigo ficar um bom tempo sem beber de maneira efusiva, dando uns golinhos aqui ou ali. É até bom, eu sinto que minha personalidade se altera, fico “bonzinho” de repente. Mas daí quando resolvo partir pros goles, entro de cabeça e beber se torna sagrado nos finais de semana. Sobre o cigarro eu não quero comentar, decidi que não vou parar de fumar agora, e isso já é coragem demais também. Eu resolvi dar um tempo em relação às mulheres. Pode parecer prepotência demais, mas é verdade. Por mais que eu não goste de falar no assunto, tenho consciência das coisas que me acontecem quando eu menos espero e mereço. Portanto agora tento fazer por merecer, ficar quietinho no meu canto e tê-las de menos.

Talvez um dia, lá na frente, quando eu estiver beirando meus quarenta anos, eu aprenda o que é ter controle realmente sobre a minha vida. E também aprenda a dosar tudo, inclusive as palavras.

20.9.08

Uma questão de determinação

Eu não preciso de muito esforço pra lembrar o quanto eu sou um cara instável e muitas vezes contraditório. Mas já consegui entender que eu preciso viver com algum objetivo em mente, se não as coisas não fluem e eu sempre acho que não sirvo pra nada. E de vez em quando até tenho razão. Pode acontecer de eu simplesmente "morrer pela boca", porque falei demais ou falei antes do tempo, e me incomoda quando deixo escapar e ver que não vou conseguir cumprir o prometido.

Essa não é a primeira (e talvez não seja a última) vez que eu tento parar de fumar de verdade. Quando a cidade esquenta eu sinto uma falta de ar enorme, parece que fico sufocado e que mesmo com tudo aberto, tenho a impressão de estar preso em uma sala fechada. E isso me dá uma aflição dos infernos. Mas como tudo na vida tem dois lados, essa primeira semana de abstinência me trouxe um outro problema: intestino preso.

Putaquepariu!

O maldito cigarrinho que mata tanta gente é o melhor remédio pra digestão do mundo, e os fumantes não me deixam mentir. E agora eu comecei a entender porque tanta gente diz que engorda quando pára de fumar. Come, come, come e a comida não sai! Isso sem contar que pra quem fuma o tempo todo (felizmente conseguia manter a média de 5 ou 6 por dia) acaba sem ter o que fazer, então vai lá na geladeira ou no armário e belisca logo um treco pra comer.

Voltando ao meu problema, então eu tive a brilhante idéia de resolver isso na base da força: leite de magnésia. O frasco já estava fazendo aniversário no armário, mas pra alguma coisa um dia ele ia servir. Tomei meio copo.

Ok, cinco minutos depois parece que você tem algumas criaturas vivas dentro do estômago. Normal, até então eu já esperava algo semelhante. Mas aí eu fiquei achando que o resultado era imediato e pensei que não tinha funcionado. Corri até o supermercado e fiz um kit sobrevivência para libertar o intestino preso: aveia em flocos, uva passa, mel, granola, leite, laranja com casca, mamão e um danone daqueles com "bio flactobacblablabla".

Menos de trinta minutos depois, e é uma pena que o resultado não possa ser transmitido via internet.

Desculpem pela porquice (ou porquisse).

(Ainda vão colocar um recurso nos sites que vendem perfumes via web, garanto que vão aumentar as vendas.)

20.8.08

stop and start (come and go)

stop making
every move
stop shaking
trembling

stop the pointers
and anything else
in action

stop believing
pretending and
acting too

start thinking
how life could be
worthless if
you had an easy way
to handle things
you don’t need
anymore

it would have no meaning
as such as If they had
no sense of anything
at all (?)

3.8.08

Eu não quero mais

Alguma coisa aqui não faz mais sentido, camaradinha. E não é que eu não saiba dizer ou explicar. É que a instabilidade como tal não tem nome, endereço e muito menos telefone. É daquelas que não te faz procurar os lugares certos pra encaixar as idéias certas. Não provoca anseios, não provoca reações, revoluções e afins. Eu não tenho vontade de fazer mais nada que seja fenomenal, nada que encha os outros de orgulho e tão pouco vontade de me dar uma bela olhada e dizer que eu jamais seria capaz. E tudo o que eu preciso ser agora é um homem sem ambição, um bote corredeira abaixo rumo à queda livre.

Eu não quero ler sobre quem fez o quê e como, ou então ouvir qualquer som que me deixe legal e com sede de viver intensamente cada dia da vida. Eu não espero nada de ninguém. E espero que não esperem de mim. Porque eu não acredito em mais nada e em ninguém. Eu não acredito no poder da palavra, muito menos daqueles que já viveram mais do que eu. Chega de ilusões, de histórias fálicas e bem tramadas. Aos quintos todos aqueles que pregam este tipo de coisa. Aos quintos aqueles que desejam construir uma segregação, um clã e até mesmo pretendem ser uma espécie de lenda e conquistar seguidores.

Agora o que menos importa pra mim é a opinião dos outros, tanto quanto suas experiências mirabolantes e ensinamentos que a vida lhes trouxe. O que vale pra você, certamente não vale pra mim. Nós não estamos dentro de um mesmo barco, não temos alguém no comando. É cada um por si. Engana-se quem pensa o contrário.

Eu estou farto dos anseios, das glórias e do sucesso conquistado a cada vitória mentirosa que a vida nos oferece. Eu não quero mais.

28.6.08

De volta ao trem

Escrever tem ser tornado um processo difícil e tanto pra mim. Há dias, meses, e talvez anos que não consigo tocar em nada que me agrade, não consigo transformar nada em coisa alguma e também começar do zero e tentar chegar no que tange o que eu julgue "bom".

O tempo chega e a gente acha que vai polindo as características, os trejeitos e a forma de buscar a inspiração, mas acho que isso tudo não passa de um grande ponto de interrogação dentro da minha cabeça. Não há sequer uma fórmula, um macete que corte caminhos e faça a luz clarear a mente. Apenas situações incomuns, que me pegam de surpresa e me deixa inquieto, pensando "e agora, como é que eu faço pra deixar essa merda sair?". Uma coisa é certa, beber ajuda.

As mulheres ajudam em parte. Mas o amor nunca foi meu maior inspirador na hora de tentar escrever. Talvez a saudade, isso sim pode ser. A saudade (quando existe) é uma boa maneira de refrescar a memória, cantar, colocar no papel coisa alguma. Nada a ver com elas talvez, porque na maioria das vezes não escrevo para elas, mas sim por elas.

E só de poder tocar de novo naquilo que ainda não defini se é um texto, um conto, um romance ou apenas uma história sem começo e fim, apenas com um meio, já me põe de novo nos trilhos, joga carvão na fornalha e faz a locomotiva funcionar.

9.4.08

If you see her, say hello
(Blood On The Tracks - 1975)

If you see her, say hello, she might be in Tangier
She left here last early spring, is livin' there, I hear
Say for me that I'm all right though things get kind of slow
She might think that I've forgotten her, don't tell her it isn't so.

We had a falling-out, like lovers often will
And to think of how she left that night, it still brings me a chill
And though our separation, it pierced me to the heart
She still lives inside of me, we've never been apart.

If you get close to her, kiss her once for me
I always have respected her for busting out and gettin' free
Oh, whatever makes her happy, I won't stand in the way
Though the bitter taste still lingers on from the night I tried to make her stay.

I see a lot of people as I make the rounds
And I hear her name here and there as I go from town to town
And I've never gotten used to it, I've just learned to turn it off
Either I'm too sensitive or else I'm gettin' soft.

Sundown, yellow moon, I replay the past
I know every scene by heart, they all went by so fast
If she's passin' back this way, I'm not that hard to find
Tell her she can look me up if she's got the time.


Se houvesse outra maneira de explicar, com certeza eu não teria feito isso.

25.3.08

Estou afogando em um mar que me dá pé. Em um lugar onde bem sei o quanto preciso nadar pra escapar. Onde exatamente eu pretendia estar, e estou. Como uma pedra. Não posso flutuar nem nadar, afundo.
E por enquanto, com muito prazer, por bem se dizer.

Ao que estou fadado, me preparo. Encaro.
Não há muito o que eu possa mudar.
Nem agora e nem durante algum bom tempo.

Vamos lá, engolir um bocado de água não vai te fazer mal algum.

16.2.08

Aos meus, com carinho

Os livros da estante já não são mais os mesmos. Pegam poeira, e vez ou outra passo a mão por cima pra fingir que estão ali, sendo tocados praticamente que todos os dias. Eles mentem por si só, contam-me histórias das quais eu não gostaria de participar e tentam me trazer de volta a tudo o que um dia eu prometi ser. Continuam sendo os cúmplices da minha maior mentira. E sempre serão.

Agora eles dão lugar a outros que pouco importam se os cito ou não. Querem saber apenas de números, de blasfêmias que eu mesmo insisto em enganar somente a mim mesmo. E são meus, levam meu nome na contra capa, alguns até com dedicatórias e afins. Às vezes me derrubam, outras me erguem. Mas são meus.

Com isso entendo que quase tudo na vida pode ser substituído, aliás, praticamente tudo. Mas o restante que não se encaixa nestas definições são as coisas das quais nós devemos menos nos importar em perder, porque estarão aqui pra sempre. Sempre mesmo. É tudo aquilo que não precisamos passar a mão em cima pra tirar o pó, ou então abrir na página "x", e tentar reviver os fatos para o tempo voltar e trazer tudo de volta.

E tudo aquilo são as pessoas mais importantes que tenho. Que não precisam me dizer todos dias o quanto somos amigos e a falta que nos fazemos reciprocamente. Porque isso tudo fica nas entrelinhas, cria saudade e é fadada ao descarte assim que nos encontramos.

Obrigado por tudo. De verdade.

12.2.08

Todos são

As garrafas são lançadas ao mar, outra vez. Sonhos novos, velhos, e sonhos utópicos. As pessoas não se enchem disso, se enganam. Como todo começo de ano.

Para uns é o enorme desejo de aparecer, de ser visto, subir até as cabeças. Para outros, simplesmente a vontade de desaparecer no meio da roupa de cama que há dias não é trocada.

O tempo quente têm destas coisas, deixa as pessoas entediadas, enfadonhas. Faz com que se tornem mau humoradas, sem vontade pra te olhar no rosto e mostrar um sorriso de fachada. E o verão assume a culpa por todo esse desarranjo.

Por outro lado, os sonhos vêm à tona, na maioria das vezes grandes utopias formadas por descontetamentos sem razão. Que surgem somente quando nada se faz e nada se têm. Pois os outros, estes não precisam sonhar. Ficam vendo a TV pular por dias e dias.

E quando chove, as pessoas entediadas fecham a cara ainda mais. Porque esta seria a oportunidade de colocar os pés na rua, ver e ser visto. Descomprimir seus desejos, que outra vez digo, pura utopia. Daí alugam um filme cult, porque é bem visto ser cult. Como também é bem visto ser enfadonho. E o que eles mais querem neste momento é que alguém pergunte "e aí, tudo bem?"

Na rua, respiram como se estivessem acabado de ganhar um novo pulmão. Andam depressa, e pouco olham para frente ou para os lados. Eles têm pressa, estão atrasados para alguma coisa que esperam que pensem ser muito importante. Mas é?

Um a um, importantes para si mesmo. Eles são você, eu e aquela pessoa que passa na calçada. É só olhar pela janela.

15.1.08

Boa noite, meu "blog".

Eu não consigo dormir, e tenho sono. Sento a cabeça no travesseiro, cruzo as mãos sobre o peito e fecho os olhos, mas não durmo. Torno a ligar a TV e passo os canais sem ao menos prestar atenção, de repente paro em alguma coisa.

Penso em coisas, números, pessoas e datas, nada adianta. Tenho sono e não durmo. Ponho-me de pé meia hora mais cedo, todos os dias, porque não consigo mais ficar deitado. Fumo um cigarro, tomo um banho que seria pra afastar o sono, e vou trabalhar. Meia hora mais cedo.

O dia não voa, não passa. O tempo custa a andar e parece não render. Todo mundo vai embora, e eu estou lá, sentado na frente do computador como se ainda faltasse muita coisa pra terminar. E não sinto o cansaço.

Volto pra casa pensando em deitar, tentar dormir e ver se engato no sono mesmo sem ter vontade. Não adianta. Começo tudo outra vez, chá, cigarro, TV e os olhos fechados sem dormir.

Não quero ler, não quero entender, não quero nada.

Só dormir. Uma noite!

22.11.07

I swear

good sense in these days is a kind of art
she said and came back to bed
not that bad
I suposed

when I rubbed my nails against the wall
was like my love for her
and could not be worse
at time
then she moved her head positively
I swear

Dali had no good sense when played
with clocks and sea waves
neither the lumberjacks had
when they built this poor bed

kind of art?
what the hell...

21.11.07

the selfish man in me

I'm hunting me
around
I'm putting me
on the ground
I'm losing me
beyond

I'm surrounded by myself.

9.11.07

today I’m not okay

I don’t believe in my dreams
any longer
they tell me exactly
the things
I’d like to hear
and some more

pretty hard
to solve this
and face as a karma

I'm on my own again

it’s just friday night
where are them all?
dancing? dating?
having fun?
great
I’m locked inside my room
standing
as every friday nights
in the last four months

I hope they’re not
drinking
writing
or doing anything
like that

cause today I’m not okay

16.9.07

o cigarro
que eu não trago mais
queima minha mão esquerda

mostra que o tempo
pra mim
veio

sacia-me de falta de ar
o que há tempos atrás
enchia meu prato
o cigarro

de comida
eu já ando bem