Um Circo, um Palhaço, um Pipoqueiro, alguns amores, muitos porres. E uns textos complicados sem pé nem cabeça.

16.2.08

Aos meus, com carinho

Os livros da estante já não são mais os mesmos. Pegam poeira, e vez ou outra passo a mão por cima pra fingir que estão ali, sendo tocados praticamente que todos os dias. Eles mentem por si só, contam-me histórias das quais eu não gostaria de participar e tentam me trazer de volta a tudo o que um dia eu prometi ser. Continuam sendo os cúmplices da minha maior mentira. E sempre serão.

Agora eles dão lugar a outros que pouco importam se os cito ou não. Querem saber apenas de números, de blasfêmias que eu mesmo insisto em enganar somente a mim mesmo. E são meus, levam meu nome na contra capa, alguns até com dedicatórias e afins. Às vezes me derrubam, outras me erguem. Mas são meus.

Com isso entendo que quase tudo na vida pode ser substituído, aliás, praticamente tudo. Mas o restante que não se encaixa nestas definições são as coisas das quais nós devemos menos nos importar em perder, porque estarão aqui pra sempre. Sempre mesmo. É tudo aquilo que não precisamos passar a mão em cima pra tirar o pó, ou então abrir na página "x", e tentar reviver os fatos para o tempo voltar e trazer tudo de volta.

E tudo aquilo são as pessoas mais importantes que tenho. Que não precisam me dizer todos dias o quanto somos amigos e a falta que nos fazemos reciprocamente. Porque isso tudo fica nas entrelinhas, cria saudade e é fadada ao descarte assim que nos encontramos.

Obrigado por tudo. De verdade.

12.2.08

Todos são

As garrafas são lançadas ao mar, outra vez. Sonhos novos, velhos, e sonhos utópicos. As pessoas não se enchem disso, se enganam. Como todo começo de ano.

Para uns é o enorme desejo de aparecer, de ser visto, subir até as cabeças. Para outros, simplesmente a vontade de desaparecer no meio da roupa de cama que há dias não é trocada.

O tempo quente têm destas coisas, deixa as pessoas entediadas, enfadonhas. Faz com que se tornem mau humoradas, sem vontade pra te olhar no rosto e mostrar um sorriso de fachada. E o verão assume a culpa por todo esse desarranjo.

Por outro lado, os sonhos vêm à tona, na maioria das vezes grandes utopias formadas por descontetamentos sem razão. Que surgem somente quando nada se faz e nada se têm. Pois os outros, estes não precisam sonhar. Ficam vendo a TV pular por dias e dias.

E quando chove, as pessoas entediadas fecham a cara ainda mais. Porque esta seria a oportunidade de colocar os pés na rua, ver e ser visto. Descomprimir seus desejos, que outra vez digo, pura utopia. Daí alugam um filme cult, porque é bem visto ser cult. Como também é bem visto ser enfadonho. E o que eles mais querem neste momento é que alguém pergunte "e aí, tudo bem?"

Na rua, respiram como se estivessem acabado de ganhar um novo pulmão. Andam depressa, e pouco olham para frente ou para os lados. Eles têm pressa, estão atrasados para alguma coisa que esperam que pensem ser muito importante. Mas é?

Um a um, importantes para si mesmo. Eles são você, eu e aquela pessoa que passa na calçada. É só olhar pela janela.