Um Circo, um Palhaço, um Pipoqueiro, alguns amores, muitos porres. E uns textos complicados sem pé nem cabeça.

29.8.05

PIPOCAS AO CHÃO

Estive lá e senti: algo ia mudar.

O mundo ganhava cor,

E eu não queria olhar, teu amargo sorriso

Me fez expelir o jejum de tristeza

Que vim te propor e dizer que um dia,

Eu hei de chegar, aonde quer que seja

Só pra saber que não sei jogar desse amor.

22.8.05

Julio José e Ganymédes Verne

Era madrugada se sexta-feira, e eu acordo atônito por causa de um barulho estrondoso que vinha da rua. A TV ainda estava ligada, e eu levantei pra por um fim naquilo. De repente vejo que estavam anunciando o começo de um filme, e esperei pra ver qual era.

Viagem ao centro da terra – de Julio Verne.

Um puta clássico do cinema, um dos primórdios da historia. Ouvi falar desse filme no primeiro ano da faculdade, quando ainda tinha aulas de cinema. Resolvi pagar pra ver, e esqueci do sono e da barulheira da rua.
Conforme o desenrolar do filme, fui percebendo alguns clichês muito bons encontrados em filmes atuais, e também passagens que me lembravam meu livro favorito do Ganymedes: A noite dos grandes pedidos. Se não me engano, a última vez que li esse livro eu tinha 13 anos, e já nem foi por obrigação, mas sim porque eu tinha 2 deles (um intacto e um todo bagaçado). Não tenho paciência de ficar explicando como era o livro, mas o enredo que marcam ambos é bem parecido.


No livro, um grupo resolve enfrentar os perigos do mundo lá fora e tenta desbravar lugares desconhecidos, já o clássico de Julio Verne não é bem assim, porque eles tentam chegar ao centro da Terra, mas também passando por situações complicadas, como monstros gigantes e areias movediça. E outra coisa curiosa é o fato de os dois grupos se perderem dentro de cavernas e também por contarem com a participação de um animal em comum: um pato.

Tá certo que os dois são ficções puras, porque eu nunca imaginei que houvesse praia e sol no centro da Terra (e há...) e também nunca vi um grupo passar tanto tempo sem comida e água, como acontece nas duas historias.

O interessante é a sacada de Ganymedes, em acoplar semelhanças ao livro, mesmo que distorcendo-as um pouco. Não achei que isso pudesse acontecer, mas vindo de um filme tão fudido como o de Julio Verne, é perfeitamente compreensível.


São duas obras onde pecam pela super produção, mas valem pelo conteúdo cativante que existe em ambas. Viagem ao centro da Terra é um filme que eu nunca me imaginaria assistindo na sessão da tarde, por exemplo. Achei perfeito pra ver numa madrugada qualquer, sem querer, sem pretensão nenhuma em encontrar uma historinha vagabunda sempre com o bandido, o herói e a gostosinha que é disputada pelos dois.
Ele vale pelos efeitos especiais da época, que são precários mas conseguem transmitir fielmente o que se deseja, principalmente quando aparecem os lagartos gigantes que tentam comer as personagens.


A partir dessa madrugada, Viagem ao centro da Terra passou a ser meu filme favorito. E recomendadissimo, diga-se de passagem. E apesar da intenção pop da Coca-Cola, tem um slogan ducacete nas garrafas que traduz perfeitamente o que eu vi: mais importante que a beleza é o conteúdo !

- Pronto, tá pago...



PS: Resolutions logo abaixo - esquece a maioria daquilo, quanto mais encontrar uma mulher que não disponha daquelas características...

19.8.05

- Psiu ! Ei, barbudinho... reunião na minha sala agora !

Esse barbudinho sou eu, é claro. E o emissor é o sujeito que se denomina meu chefe, botando a cara na porta da minha sala e falando comigo, que sentava lááá no fundão. Só quero saber de uma coisa: quem foi o panaca que inventou esse treco chamado reunião ? Em primeiro lugar porque eu sou estagiário, e se eu fosse chefe, estagiário não ia ter autonomia nem pra me falar bom dia, e segundo porque tudo o que eu falo nessas reuniões eles tomam proporções completamente contrárias e eu torno a ouvir um "ei, agora você foi longe hein..." ou um "nossa, não tem como você simplificar, não ?" e eu fico com aquela cara de trakinas e pensando que diabos eu faço naquele lugar.

A porcaria da reunião começou umas 2:30 e eu só fui chamado às 3:30, daí já dá pra notar o meu grau de importância na bagaça. Daí eu sento na mesa (na cadeira, aliás) com mais 5 pessoas, sendo que só 1 não tinha poder pra me mandar passear, e o resto era composto pelos bambambans da área. Fodeu.

Fodeu pra eles, porque eu ainda continuava com a minha cara de trakinas, achando que eu era o fodão ali e que eles precisavam de mim pra alguma coisa. E realmente precisavam, quando uma das mulheres começou a vomitar um monte de coisas supondo que eu não soubesse fazer e soltou um "e aí ?" no final. Eu realmente não sabia fazer nada daquilo que ela tinha dito, mas mantive a cara de trakinas barbada e só olhei pro meu chefe. O cara sentiu que o "e aí ?" fosse pra ele, porque eu rebati como um espelho.

Esperei a danada terminar o discursinho encurralador dela e juro que tive vontade de falar "quem manda aqui sou eu neném, você só é chefe por causa desses óculos de aro grosso...", mas me contive e falei isso com o semblante. "não, ele não deve fazer isso, porque preciso dele pra outra coisa..." emendou outro fulano, e daí eu já me achei o James Bond pendurado no cabo-de-aço do bondinho no Rio, mais fodão impossível !

Fazer um vídeo por SP ? Como assim ? Você quer dizer sair por aí com a handycam capturando várias imagens da cidade ? O quê ? Motorista leva-e-traz ? Demorou meu filho... onde eu assino e quando começo ?

- É... não valoriza muito não, vai que não dá certo ?!


18.8.05


- Pode falar, vai. Você não veio até aqui pra comprar um livro.
- Oi... desculpa, mas acho que não entendi o que disse.
- É mesmo. Esta deve ser a 3ª ou 4ª vez só nesta semana que você entra, vai até a seção de livros de História, pega esse aí da Revolução Chinesa de capa roxa e senta no chão. Depois levanta, pergunta o preço e sai sem levar nada...
- É que... eu não...
- Você já o leu inteiro ?
- Não, não... só algumas partes. Por quê ?
- E não pretende comprá-lo ?
- Ainda não sei. É caro demais pra mim, não tenho todo esse dinheiro...


Mal sabia ela que eu fazia aquilo toda semana depois do colégio só para vê-la subindo e descendo a escadinha das estantes, e depois fingia que lia alguma coisa complicada, pra ela me achar interessante. Não tinha mais como esconder, eu me apaixonei tanto que já tinha até perdido a vergonha de entrar ali todos os dias e fazer sempre a mesma perguntinha: "Vocês aceitam troca ?" e ouvir sempre os mesmos dizeres: "Depende. O que você tem aí ?"

Vitória era dessas meninas feitas pra casar, embora eu ache o casamento uma coisa completamente besta. Aquelas covinhas na bochecha e a pele clarinha faziam dela uma anja, ao menos pro olhos da mãe, que me olhava feio sempre que me flagrava fitando a calcinha da filha.

A livraria delas era bem antiga, herança do avô paterno de Vitória, um francês que parecia ter visto de tudo na vida. A mãe parecia não gostar muito do batente, mas o fazia para garantir as necessidades da filha. O pai era caixeiro viajante, que diziam nunca mais ter voltado pra casa depois que conseguiu um dinheiro do governo, e na carta que deixou dizia para cuidarem da livraria, se não quisessem morrer de fome. Filho da puta...

15.8.05

Resolutions

- Parar de fumar;
- Juntar dinheiro;
- Estudar um pouco (só um pouco);
- Parar de falar palavrão;
- Comer mais brócolis e espinafre;
- Parar de pensar em fugir de casa;
- Ser menos porco (isso inclui banho, barba, etc);
- Cuidar da saúde;

- Parar de fazer xixi na cama;
- Parar de comer Cheetos com catchup + mostarda + maionese;
- Arrumar uma namorada que não beba, não fume e que não goste de filmes espanhóis;

- E que não tenha mais de 20 anos;
- Sair de perto da Augusta (se continuar lá, não faço nada disso);
- Comprar um DVD pra por no muquifo;
- Tomar Coca-Cola pura (gelo vale);
- Parar de fumar (de novo);
- Beber menos (força vai...);
- Comprar um passarinho e por o nome de Piriquito;
- Fazer uma tatuagem;
- Sair da porra do Orkut;
- E por último, parar de escrever essas merdas aqui porque sei que ninguém acredita nisso e muito menos no fato de que eu sou capaz de cumprir ao menos 1/5 de tudo o que prometi.

Ah, sai pra lá vai...

Todo cão rabugento precisa de um poste pra mijar

Aquela fase boa de encher a cara todo final de semana infelizmente nos abandonou há um tempinho, e até confesso que sinto falta. Bebia por beber, pra ficar doidão e não ter controle da situação, mesmo sabendo que quando acordasse no dia seguinte eu iria me arrepender até o último gole, porque não tem um bêbado amador que não se sinta culpado de alguma coisa, mesmo que não tenha feito absolutamente nada além de beber...

Comentei não sei com quem que eu precisava fazer isso algum dia, porque depois que você pega uma certa simpatia pela bebida, ela demora muito mais pra fazer efeito e uma hora fica chato. Fica chato porque você bebe, bebe, bebe e não sobe, e é nessas horas que bate o desespero e aquela etapa da cervejinha fica pra trás. Que venha o destilado ! Que saco... aí é como se a gente tomasse um soco no queixo e perdesse a noção de tudo, como uma labirintite.

Eu tinha saudade disso, mas não tenho mais não. Matei ela sábado.
Bebi tanto que mal tive condições de dirigir, mas mesmo assim confiei no meu piloto automático. Cara orgulhoso é foda, eu podia muito bem ter batido o carro, mas aquele pensamento me controlava: "Antes eu bêbado do que ela sã... daqui a chave".

Não fosse a crise de tosse que tive no meio da festa, eu até teria ido embora bebendo. Cara, eu tava um tanque.
E o Loes era 2 tanques, porque enxuga que é uma beleza. E pra variar, não consegui achar o figura na hora de ir embora, mas já acho que isso tá indo muito longe. Toda vez que a gente combina de não se perder um do outro, é exatamente o oposto que acontece.

E foi engraçado porque dentro desse porre enérgico que eu tomei, tive a consciência de saber que eu não tinha controle da qualquer tipo de situação, muito menos dirigir (embora eu tenha feito). E não dava nem pra ser abordado ou abordar alguém, porque além da "bebura" eu parecia um tuberculoso, de tanto que tossia. Mas sensações estranhas me controlaram por um tempo, pensei em muita coisa que eu poderia consertar ou mesmo não ter errado e aquele frio na barriga desgraçado ficava lembrando dos meus 17 anos, e tudo que eu consegui fazer foi apenas pensar, porque se eu tomasse alguma atitude... deixa pra lá vai....

11.8.05

ZZZZzzzzz....

Como é foda ficar sem ter o que fazer em pleno horário de expediente. Fico eu aqui no meu "local de trabalho" com a pança cheia de credibilidade e trampo que é bom, nada. Já entrei em tudo quanto é site música, esportes, jornais, e até outros blogs (putz como é escrota essa palavra) e não consigo encontrar nada que me prenda a atenção por mais de 5 minutos. Nem site de pornografia me interessa mais, rs.

Essa ansiedade de piloto de fórmula 1 vêm das abstinências do café e do cigarro, tenho quase certeza. Percebi isso quando me peguei batendo os pés no chão por incessantes e repetitivos minutos. Depois de alguns meses, consegui passar o dia todo sem um único cigarrinho, e ainda diminuí violento a quantidade de café. O cigarro pode até ser que seja por causa do pigarro medonho que eu tô, e também porque ainda faltam alguns dias pro pagamento, e não descobri lugar nenhum que aceite ticket pra comprar o maldito. Já o café, acho que é pela gastrite vagabunda que me atacou há umas 2 semanas e eu ainda não consegui total recuperação, além de o café daqui da empresa ser o pior de todos os tempos, com direito a prêmio, diga-se de passagem. Ô cafezinho ruim ! E eu já fui mais do que viciado no desgramado...

É complicado eu sentar aqui na frente do micro e pensar em fazer algo que preste, mesmo que seja aquelas montagens toscas de fotos da galera e ficar mandando por e-mail, esperando cada um meter o pau na própria situação. Também não dá pra eu pensar em escrever algo que eu realmente goste, e saia daqui satisfeito o bastante pra pensar na continuação, ou quem sabe até num próximo capítulo.

Acho melhor eu levantar logo daqui e ir pegar um café, porque o filho da puta do bode me pegou...

- Sai pra lá tédio desgraçado !



E olha que eu ainda consegui escrever tudo isso hein...

10.8.05

À MÃE

"Mesmo ainda estando perto de casa, já consigo sentir os poréns da mudança. Noto que minhas mãos engrossaram um pouco, e uma densa e áspera camada recobre a minha face.
Esse fardo insuportável da consciência somou-se com o peso da bagagem, e assimilo como se já fossem parte de meu corpo.

Talvez até a metade do caminho toda a comida já tenha acabado, mas nada me impede de trabalhar pra conseguir o próprio sustento. Dinheiro eu não tenho muito, pois o pouco que juntei ajudou a pagar o silêncio da menor. Aliás, cuide para que ela se recupere da saúde, e que não pare os estudos por nada.

*****

Já estou na metade do caminho, e por sorte ainda tenho alguns biscoitos que peguei escondido no pote da vovó. Sei que isso não vai te fazer bem, mas quando digo metade do caminho estou enganando a você e a mim, porque ainda não sei qual é meu destino fiel.

Vou andar e rumar conforme as oportunidades forem surgindo, mas neste momento as coisas estão um pouco difíceis. O outono aqui é inimigo de qualquer aspirante de jardineiro, por mais competente que eu seja.

Conheci uma mulher no centro, que acabou me oferecendo ajuda. Vou passar uns dias no sítio dela, cuidando da horta e dos animais. Talvez ela me dê algum dinheiro e comida, e só assim eu prosseguirei minha jornada.

*****

As coisas têm melhorado um pouco, a cidade é pequena e todos se conhecem pelo primeiro nome. Em uma semana ou duas vou tentar algum trabalho no comércio, há muitos feirantes por aqui.

Depois que eu juntar algum dinheiro, mando para pagar as despesas do hospital da menor. Não se preocupe comigo, por favor. Assim que chegar lá, eu volto a escrever.

Um beijo, e saudades.

Firmino"

8.8.05

Alguém por favor aperte o OFF !?

Já gostei de sonhar.
Sonhar sonho mesmo, deste que a gente tem enquanto dorme e não daqueles que se almejam para a vida.
Tenho a leve impressão de que quando a gente é criança, os sonhos só nos ajudam, mesmo que às vezes aconteçam alguns pesadelos, e depois tudo tende a acontecer mais fácil justamente porque a cabeça está completamente iludida. Também não acho que a ilusão seja ruim, mas sou orgulhoso o suficiente pra saber que esse é um sentimento que eu procuro não alimentar mais.

Hoje em dia confesso que tenho pavor de sonhos, e que se fosse possível eu criaria um sistema pra dormir que era só através do ON / OFF, e assim eu não precisava passar por esse tipo de teste. Talvez eu pense isso porque ultimamente meus sonhos têm se transformado em realidade e isso me assusta muito. E também muitos sonhos eu acabo não entendendo e quando os comento com alguém, a interpretação da pessoa só piora minha situação.

Aquele sonho com os Andinos (uns posts pra baixo), por exemplo...
Se eu viver acreditando naquilo, sinto muito, mas não vou esperar até a pretinha vir me buscar não.

5.8.05


POP é o cacete !

Já pensei besteira, sobre achar que eu nunca me sujeitaria a passar dificuldade um dia. Não falo da dificuldade de ficar sozinho e não conseguir uma namorada ou dificuldade por ter um sonho de ser médico e não ser capaz de entrar numa faculdade competente. Isso tudo eu desencano muito fácil, porque logo sei o que está e o que não está ao alcance dessa minha cabeça grande cheia de cabelos.


O lance é quando eu sento na cama com a minha caderneta de vendinha e começo a fazer a "contabilidade" pra saber quanto eu posso ter prazer na vida, e vejo que as coisas pioram a cada dia, e o que falo é a respeito das necessidades básicas (completamente básicas mesmo!) do tipo comer, beber e dormir... Dormir tudo bem, porque a graninha do aluguel eu consigo juntar, mesmo que infielmente. Beber, bem... isso é uma coisa que dá-se um jeito e comer, fodeu. Tem tempos que a verba não dá pra eu entrar no super e ao invés de pegar aquelas cestinhas de braço, pegar um carrinho daqueles que tem até espaço em baixo, onde geralmente se colocam os pacotões de arroz ou açúcar (ou cerveja). E eu fico "passando mal", porque não consigo ficar sem olhar pro danete creamy, o chá gelado sabor pêssego, flan batavo, nuggets, bolinho de frapé, escova de dente oral-B triple action, desodorante fudidão, geléia de morango, cheetos, maionese super, catchup hiper-pic (excelente pra minha gastrite), queijo minas frescal, polenghi cheddar (Ah!) e mais um monte de coisas que me deixam lambendo os beiços...

Daí passo a régua na contabilidade e vejo quanto me sobra pra comer: 7 míseros tostões...
O que eu sou capaz de fazer com 7.00 ?! Não sou mágico, pô !
É por isso que toda vez que vou pra casa da minha mãe, ela fica me socando aqueles marmitões pra trazer, porque "você tá fraquinho, filho, e precisa se alimentar direito..." E eu entendo toda cisma dela, mas tem hora que rola exagero. E você sabe como é exagero de mãe, né...


Entrei no super, com aquela cara de muçulmano sujo e com a sensação de estar sendo vigiado por todas as duzentas e vinte e nove câmeras. Vamos lá, eu e meus 7 tostões fazer a comprinha do mês. Hum... dada a situação, tô precisando fazer a barba, concordo. Então vamos para a seção Higiene, e ver se consigo uma (surpreso) OPA ! 2 giletes por 1.14 ? É essa mesmo. O grande problema dessas indústrias de produtos de quinta é que além de criarem um produto de má qualidade, eles são feios ! Credo... bati o olho naquelas amarelinhas, mas não teve jeito, vai essa merrrmo. Detalhe crucial, que eu entrei lá sem cestinha ou carrinho, rs, como se fosse roubar alguma coisa (com a mochilona nas costas). Agora preciso de uma escova de dente, porque a reserva que eu tenho é um pouquinho inferior àquelas que distribuem nos postos de saúde, bem fuleiras. Mais um OPA ! só 1.55 ? Passa já pra cá essa lindeza... Daí chega da seção higiene, preciso de alguma coisa pra "comer", e avisto de longe um aglomerado de pessoas ao redor dos leites – como se fosse formiga em açúcar – e cheguei mais perto pra ver qual era a do leite, que só poderia ser mágico. Ou muito barato, que era o caso. 0.99 ? Cacilda, eu nem gosto de leite, mas vou levar só pelo preço. (pobre é uma bosta...) E olha que tinha mulher grávida saindo de lá com caixa debaixo do braço, e a atendente gritava "Ei, é só 6 caixinhas por pessoa !" E a mulher fingia que não ouvia e quando parou pra explicar, eu escutei "Olha, a caixa não tem 24 ? Então, eu, meu marido, minha sogra e o bebê. 6 x 4 = 24" Ela tinha razão. A mocinha do super foi superada...

Fui procurar alguma coisa mastigável, porque leite até mata a fome, mas é duro comer algo que não se mastiga. É que nem danone, danete, requeijão...

E fui me dar o luxo de comprar um bolinho de forma. Já entrei na seção procurando pelas etiquetas vermelhas, é lógico. Essas porras vivem em promoção e não era possível que eu passaria em branco. Putz, como isso tá caro ultimamente... (again) OPA ! Achei uma vermelhinha, e 2.31. Batata, já botei debaixo do braço como se fosse uma caixa de ovos. E saí feliz em direção ao caixa, tentando somar tudo pra saber se já tinha estourado os 7 paus e pensando o que eu abriria mão, caso a grana não fosse suficiente.

Peguei aquela filinha desgraçada do "até 10 intens" que é bem maior que as outras, e saquei o cartão.
Vai lá,
gilete + escova + leite + bolo = 5.99
Putz, vai ser rabudo assim no inferno ! Ainda me sobrou 1 mísero real...


- Débito !

Fui pra casa com meu sorrisão de como se eu tivesse conseguido uma façanha (mas foi!) e ainda ví meu Timón meter uma sacolada no Coxa.
Foi daí que eu resolvi desenterrar meu cofrinho-gatorade e meter a faca no bico. Juntei algumas moedinhas e corri pra vendinha do Purtuga:


- Me dá um cigarro !

É falseta aquela merda, eu sei... mas ia me satisfazer do mesmo jeito. Meu dia já tava ganho !

Fiquei matutando e doente pra ir ver a expo do Andy Warhol, que fica em SP só até o meio de agosto, mas toda vez que eu passo na frente do recinto, confesso que brocho só de olhar pro slogan:

"ANDY WARHOL no MAM.
Só quem é POP vai."





Juro que se um dia minha mãe ver isso, toda essa neura dela só vai piorar e tudo levará a crer que eu um dia fui culpado por isso.

2.8.05

"Hoje eu quero me foder !"

Foi o que pensei logo assim que abri os olhos. Afinal, não existe aquele ditado de o que é um peido pra quem já está cagado ? Depende do tanto que você já cagou! E eu não exitei em tomar dois comprimidinhos daquele "seja um filho da puta só mais uma vez" e liguei meu foda-se no turbo. Não tinha como eu me controlar...

Botei minha mochilinha nos ombros e fui praquela cidadezinha interiorana onde se escondem as coisas mais assustadoras e inusitadas que eu já ouvi falar. E tudo isso com aquele intuito asqueroso de que eu tinha de me foder, pra poder superar as outras dores. Disposto a vender meus filhos em troca de uma cagada. Mas se tem uma coisa que eu odeio naquele lugar é ter que ficar dando satisfação da minha vida pros outros. Que eu estou mudado, que eu sumi, que eu não achava aquilo antes e blá blá blá !!! Ah !

Daí eu começo a reparar nas intenções de cada um e descubro que tudo não passa de especulações e que elas só parecem que estão se esfregando em mim, mas na verdade o que elas sentem é repúdio, porque eu ainda não aprendi que quando o fim de semana chega eu tenho que cortar a barba, ou que eu não devo fumar o mesmo cigarro que a passadeira dela (passadeira, porque a faxineira é maIs fina e fuma do bom), se não o pai dela vai pensar que eu sou um descarado e mau caráter. Fodam-se elas, fodam-se os pais delas também.

Meu senso de filho da puta começou a se esgotar quando percebi que eu estava me fodendo demais e num certo momento eu teria que explodir... e de repente escuta-se a explosão mais violenta que já pôde sair de dentro de mim e tudo o que sobrou foram os cacos da pessoa que menos merecia sentir as consequências de um idiota que passou por uma síndrome de Super-Homem, e que de uma hora pra outra resolveu ser o vilão.

Sabe aquela cena em que o Super-Homem pega a bomba e sai voando e depois engole pra ele se fuder sozinho e salvar o mundo ?! Fiz isso muito tempo...

1.8.05

O Dalí do Rubião

Tudo começa quando um pintor espanhol, surrealista, pilantra, e em fim de carreira, chamado Salvador Dalí têm a excelente idéia de vender telas em branco apenas com sua assinatura no canto, pros pintorzinhos mequetrefes as preencherem e assim fazer dinheiro com a maldita peça, e ainda por cima chamar aquilo de obra de arte, só por causa da assinatura do bigodudo. "Oficialmente", garantem que a Revolução Industrial lá nas puta-que-pariu do século 18 foi o marco da desunião entre trabalho e arte, quando não se visavam mais os valores sentimentais que um objeto poderia lhe proporcionar, mas sim a bufunfa debaixo do colchão. Há quem seja contra essa história do Dalí, mas eu não dúvido nada não.

Eu vim com essa história na cabeça – que doía mais que uma unha encravada, por causa do porre na Augusta – a viagem toda, e lembrei dos papos que tive com o João sobre aquele truque de "Como ganhar um concurso de redação na escola e os outros te acharem o máximo por isso" e na verdade você não sentir tesão nenhum porque aquilo não passou de uma sacada fudida prum bando de baba-ovo. É simples e bem verdade: escreva o que eles querem que você escreva. Pode ter certeza que eles vão achar demais, e ficar olhando pra você como um débil que desenvolveu algumas caracteríscticas que não se encontra numa pessoa normal.

Puxei um gancho com esse lance do Dalí porque na 4ª série aconteceu comigo uma situação engraçada, e hoje, uns 10 anos depois, não consigo ver diferença entre elas. A história é mais ou menos assim... aquela escola Rubião Jr. estava sendo reformada, mas nem tudo seria pintado. Então aquele muro imenso que envolve a quadra poliesportiva seria pintado pelos próprios alunos, mas não com aquele verde musgo característico da escola, e sim com desenhos que os alunos fizessem ! E pra escolher quais seriam os desenhos, um concurso tinha de ser feito. Olha que hoje não gosto de competir pra nada, nem mesmo pra pegar vaga no metrô, mas naquela época eu não podia perder nem a guarda do controle remoto, porque se não meus irmãos iriam me achar um otário. O concurso... Ah! Então iriam escolher 4 desenhos da minha sala que seriam pintados no muro pelos próprios alunos, mas antes a gente teria que desenhar num sulfite e provar o que era capaz, pra depois mandar ver na parede.

Não posso negar, já dava pra perceber bem antes quem seriam os alunos que iam ganhar... O filho da melhor amiga da professora, a menina que morava no mesmo quarteirão que ela e a filha do cara que trabalhava com o marido. E... algum espertinho que resolvesse burlar o esquema de segurança do aeroporto e passar no detector de metal com um 38 na cinta e depois botar pra quebrar no banheiro do avião: Eu !

Era engraçado ver a cara dos nerds me comendo com os olhos e não aceitando que eu tomasse o lugar deles, e mais, porque aqueles desenhos ficariam uma eternidade na parede da escola e seus filhos, talvez até netos um dia iriam vê-los lá e lembrar do meu nome, "o filho da puta que trapaceou o papai".

Você deve se perguntar o que foi que eu desenhei pra ganhar a bagaça, não é ? Mas a resposta é a mesma para as perguntas que os nerdezinhos invejosos ficaram se fazendo: O que uma velha professora de 4ª série quer que um aluninho magrelo com barriga de verme, cabeçudo e orelhudo, de 10 anos desenhe ?

Plim !

O que interessa é que eu ganhei, e aquilo pra mim foi como pegar a menininha mais cobiçada do colegial e depois sair de trás da moita fazendo cara de pouco caso, pros outros olharem pra mim e pensar "tá aí um cara foda..." E era assim que eu queria me sentir, antes de ser comparado com os meus amigos.

Mas da mesma forma que eu trapaceei e o Dalí também, uma hora eu teria que me foder.

Aquele espaço do muro onde eu pintei meu desenho era bem no canto da quadra e num chão não muito correto (torto) e uns 3 ou 4 anos depois que eu saí daquela escola, bateu uma chuva tremenda e inundou a quadra, só que toda a água se acumulava justamente no canto do meu desenho, e uma hora o muro cedeu... e meu desenho e de mais uns 3 foram embora com a chuva e depois que remendaram o muro ninguém nunca mais desenhou outro por cima, e tudo que eu pude ver há poucos anos foi a marca do reboque numa quadra onde até hoje devem existir uns 40 ou 50 desenhos que vão contar a história daqueles anos, menos os meus.

E o magrelinho com barriga de verme, cabeçudo e orelhudo, e agora com 14 anos, viu que não dava mais pra trapacear e um dia passar impune.

Mas foda-se, porque nesse mesmo ano que o muro caiu, eu ganhei uma merda de um concurso de redação e na hora de falar ao vivo na TV e comprovar a teoria do Warhol, que todo mundo tem seus 15 minutos de fama, a única pessoa botou as caras fui eu, mas isso também já é outra história que eu não tô afim de contar agora...
Deixa eu ir "trabalhar", antes que alguém passe a perna em mim e eu perca o dinheirinho do mês.

- Inhér !