Um Circo, um Palhaço, um Pipoqueiro, alguns amores, muitos porres. E uns textos complicados sem pé nem cabeça.

31.1.05

Dois pontos:

Não foi a primeira vez que me flagrei no bairro mais higiênico de São Paulo, esperando por ela no pé daquele enorme edifício branco. Lembro que a situação nem sempre era confortante, ao menos de início. Mas eu bem que gostava daquilo tudo. Havia todo um mistério por detrás de uma relação não-definida. E como um ciclo, acabou chegando ao fim.

Acho que se eu tentasse omitir as minhas vontades, estaria passando por uma pessoa orgulhosa e egoísta, porque a frustração pode não existir, mas os desejos reprimidos incomodam todo e qualquer ser que não tenha preguiça de pensar além do necessário.

Pra mim, foram 3 meses eternos que não consigo resumir em poucas palavras tudo o que aconteceu. Foram eternos no sentido de durabilidade, de tempo que não passa, de tempo que engatinha. Voltas que foram dadas, mas que em “tempo normal”, jamais aconteceria com tanta freqüência. Apostei na montanha russa, apertei meu cinto. Quis correr os riscos. Eu os corri !

A indiferença dos sentimentos foi algo que surgiu com o passar do tempo, com a situação. Não foi opcional, e sim involuntária. E são situações onde se deve absorver o máximo de positivismo possível. Tá vindo... e eu indo.

Pra brincar um pouco com as palavras, que às vezes não é tão difícil assim, resolvi descer do trem antes de chegar no meu destino final. E esperar na Estação até que passe um trem capaz de me levar a um lugar no mínimo parecido com o que eu pretendia. E pretendo... mas não nesse exato momento.

Ponto.

28.1.05

ESCAPOU A CORRENTE

Já cansei de escrever sobre os meus amigos, defender toda a lealdade e camaradagem que há entre a gente, e falar, falar e falar coisas que são confortantes e entram tão suavemente nos nossos ouvidos que até derrubam algumas lágrimas. E as pessoas dizem "gostei, ficou bom", mas não colocam em prática o que pensam. Ficam se comendo por picuinhas, futilidades e infantilidades que deveriam ser deixadas de lado em alguns momentos que carecem disso.

Fala-se muito em atitude, "sou foda", "consigo lamber meu cotovelo", e "meu pau é maior que o seu", mas não se vê ninguém cedendo. E tem horas que o saco enche !

Ninguém gosta de ser testado, ou mesmo duvidado, mas em algumas situações precisamos fazer isso pra ver quão longe essas pessoas podem chegar com as próprias pernas. Se no meio do caminho vai ter alguém pra colocar comida na sua boca, ou pra lavar aquela cueca marcada pela "freada" que você deu depois de encher o rabo de cerveja e comer meio quilo de amendoim japonês.

Não fico mais triste por isso, não. Mas sim desapontado, decepcionado.
Tento fazer a minha parte, mesmo que tão porca quanto a cueca "freada", mas tento. Se não faço, não falo.

Me calo !

CATIVEIRO

Eu quis fugir de você.
O retrato se julgava em branco,
E eu açoitava a nitidez e impressão
Implícitas na rasgada figura feminina.
Preso na gaveta de carvalho,
A carta remetida sem orgulho
Tentava sair.
Unhas e facas serravam-me todo,
Atado a um pé de rodapé.

Eu vou fugir de você,
Por você e por mim.
Esfregando a face nas sobras
Que o cupim causara ao chão,
Misturando o suor da falta d’ar e
O tremor e temor da morte
Que eu não temia.
Luz, água e ar
Cegueira, sede e desespero
Se confrontavam diante de mim.

E eu rangia os caninos e salivava
Feito um cão.

14.1.05

SACRIFÍCIO

Quero te ver a todo instante,
Mas não posso.
Não posso porque você não pode.
Ah se eu pudesse !
Ah se você pudesse !

Não exitaria em te fitar um só segundo,
Mesmo me negando ao toque.
Se é de um querer comum, por que fazemo-nos isto ?
Não somos mais sementes ! Estamos germinando.
E logo apresentaremos os frutos, que não tememos ser do gosto de todos.

Mas nos exilar dentro de nós mesmos,
Isso é suicídio, e não sacrifício !

3.1.05

ODE AO DOMINGO PAULISTANO

É o primeiro, mas parece o último.
Quando calor, banho frio,
Vento e TV.
Alguma coisa pra distrair, outra pra comer.
Duas voltas na quadra me bastam !

É o começo da semana, mas parece o fim.
Quando ameno, nada de banho.
Quero café !
Já quis cigarro, moderado.
Um nanquim me consola, quando merece.
Vejo as correspondências, pra distrair.

O próximo, é Segunda.
Ou seria o primeiro ?
Quando frio, nada de janela.
Quero café. Aos montes !
Se é intenso, TV e nanquim.
Se disposto, devo render-me ao esporádico cinema

Na pior, nanquim a rodo.
Na melhor, também.
Passar o olho na bíblia da vez é praxe.
Nem que por segundos !

E ELA, sempre me ocupando a cuca,
Felizmente.