Um Circo, um Palhaço, um Pipoqueiro, alguns amores, muitos porres. E uns textos complicados sem pé nem cabeça.

27.1.06

"Mentiroso filho-da-puta!"

Já tenho pra mim que uma boa parte daquela sujeira já se foi, e assumo que não foi nada fácil tomar esse "banho de telha". Mesmo assim, continuo pensando que isso tudo não passa de uma puta invenção minha, apenas com efeito psicológico, como se eu estivesse tentando enganar a mim mesmo. É hora de outro banho, e dos bons. Não estou tentando explicar nada sobre mulheres, bebidas ou coisas do gênero, apenas um baque moral, algo que renove as expectativas, mesmo que me custe uma enorme ressaca no dia seguinte.

Tenho mania de me achar inconsequente, mas sempre depois que as coisas já aconteceram. Talvez seja a hora de tentar entender quem é realmente o culpado da vez. Se é o pastel aqui ou não. E o pior é que sempre acabo cedendo às minhas próprias imposições, que têm única e exclusiva intensão de me fazer bem num futuro não muito distante. É como fumar, por exemplo. Há mais ou menos 6 horas atrás decidi que ia deixar de fumar, e até agora eu realmente não toquei num maldito cigarro (mesmo porque já evitei comprar, a carne é fraca e eu sei bem o que isso significa). Mas é praticamente impossível dormir sem essa, por mais que eu não tenha intenção alguma de me tornar um dos "bacanais" da cena. Essa merda tá mesmo me envelhecendo.

Também resolvi que agora vou aprender a beber. "Mas porra, você devia ter aprendido isso com 14 anos e não agora que tá velho!" Sério, não quero ter que passar por sufocos novamente. Me considero sobriamente bêbado demais quando decido fazer coisas que não estão ao meu alcance, como por exemplo reclamar da roupa de uma garota e ser sincero a ponto de botar tudo a perder ou então dizer "Não, não gosto de Placebo, por quê?" É tudo culpa da bebida!

E também prometo que vou parar de fantasiar coisas. E como não tenho pra quem contá-las, venho aqui e descarrego tudo de uma vez. Ah, e pode ser que no dia seguinte a este você me veja sentado no Bar da Dulce com um cigarro na mão e tomando cerveja. Por favor, buzine. E grite: "Mentiroso filho-da-puta!"

Terra do Nunca

Não é de hoje que eu gostaria que fosse ontem.
A cada dia que se passa e a responsabilidade só tende a aumentar, a cobrança é maior.
Foi assim, parei de ir ao clube comer salgadinho (daqueles bem vagabundos, isopor com sal e uns aromas de bacon) depois de jogar bola, porque comecei a “ter” que correr atrás das Pequenas Graças da minha pré-adolescência. Daí me vieram com um tal de vestibular, resolver o que ser pro resto da vida. Daí, perdi um pouco do tempo que era das garotas, e o clube então... Quando dava, era num fim de semana qualquer.
E não foi que eu entrei na faculdade ! ?
Ai foi a maior festa! Aproveitei bastante essa época. Mas quanto menos eu estudava, mais me preocupava com a responsabilidade da “minha formação profissional”. Pra não facilitar muito as coisas, tive que fazer um estágio pra me formar. A primeira experiência profissional. Daí a coisa desandou e percebi no rolo que tinha me metido. E hoje, estou entrando de cabeça nessa areia movediça.
Com isso, vai ficando só na lembrança o salgadinho, sem futebol... Que agora as Pequenas, não são tão pequenas assim e a adolescência passou.
Chegou à hora, de virar gente grande...

20.1.06

"Estive lá, e senti..."

Uma vez botei na cabeça que só o velho Buk poderia me tirar de vez da lama. Era uma situação conturbada, eu estava me acostumando a viver sozinho comigo mesmo, e esquecendo um pouco (ou tentando esquecer) dos problemas com mulheres que tive nos últimos tempos. A solução era meio inusitada, daquelas do tipo “se você não pode vencê-los, junte-se a eles” ou coisa assim, mas tudo indicava que eu deveria aceitar a lama naquele momento porque era ali que eu deveria estar. Sem hipocrisia, não acredito em destino, mas acredito que algum dia a gente começa a pagar por todas as merdas que já fez, e quando esse dia chega a melhor coisa a fazer é sentar e aceitar o que vier.

Lembro que tinha acabado de começar o Hollywood, e confesso que de cara fiquei com receio de onde aquele mundo poderia me colocar. Mas aos poucos esse mundo foi se fazendo comum, e eu comecei a delirar de forma bárbara pelas situações, ainda mais se tratando de algo que de fato existiu.

Eu já dava de ombros pras mulheres um pouco antes disso, porque não me interessava mais com quem ou quantas eu estava junto, mas sim que como todo moleque de 15 anos eu tinha meu amorzinho de cartinhas guardado no peito, e já que não era com ela que eu iria ficar resolvi botar pra quebrar. Nessa época eu fiquei realmente sozinho. Não que meus amigos tenham culpa alguma, mas eu não conseguia conviver “em sociedade” justamente pela pouca vergonha que eu tinha adquirido nesse tempo, e por temer que meus trejeitos causassem algo de ruim. Daí eu bebia vinho feito um louco, e guardava garrafões de 3 litros escondido atrás do meu caixote de feira, pra ninguém meter o bico. Me achava o máximo. Sentava no sofá cheio de pulgas, colocava algum som pra rodar e ficava lá brincando de escrever e bebendo feito gente grande, pitando meu pobre cigarrinho um atrás do outro, como se fosse uma baita terapia.

Por mais que nesse tempo eu tenha jogado minha saúde e meus modos no lixo, achei que outra investida diferente desta seria pífia. Tive sim minhas aventuras, e talvez elas foram as principais responsáveis por me familiarizar tão rápido com os suéteres rasgados, goladas no bico e “chega pra cá”. Perdi mesmo o medo de muita coisa ruim que me assolava, e mais do que isso, perdi o respeito, inclusive por pessoas que não mereciam sentir na pele o que eu passava. Mas era um caminho a ser seguido, e eu fui lá e fiz minha parte. E bem feita.

13.1.06


É + ou - isso que quero dizer com "outros tipos de planos..."

12.1.06

Meu vestibular

Feliz fui eu porque entrei numa faculdade onde o vestibular não me deu o mínimo de frio na barriga, e também posso lembrar que quando fui prestar Pedagogia na fuvest em 2002, não via a hora de terminar a prova e ficar torcendo pra todos aqueles chutes meus entrarem na gaveta, "lá onde a coruja dorme", como diria o Silvio Luis, sem um pingo de preocupação em ir bem na prova ou então chegar em casa e encontrar meus pais com o chinelo na mão, me esperando pra dizer que das 100 questões eu tinha acertado 29, e que tinha zerado em matemática e física, mas com um sorriso maroto no canto da boca, porque eu tinha mandado ver em inglês e português. Pra mim aquilo tudo já era o bastante: eu não ia sair de casa tão cedo, ainda mais com o pretexto que iria fazer uma facu de Pedagogia. Eu precisava de uma desculpa melhor, e foi daí que inventei um monte de coisas que não vale a pena escrever sobre.

Mas tô puto da vida por causa desse tal de frio na barriga, que há 4 dias fica me incomodando e tirando meu sono. Tudo por causa de uma entrevista de emprego. O MEU VESTIBULAR. Esse sim me deixou sem dormir, e com uma ânsia danada de fazer cagadas e tentar consertar tudo em 48 horas, mas a única coisa que consegui fazer (várias vezes, por sinal) foi abrir a janela do quarto bem aberta, e fumar um cigarrinho tentando pensar em infinitas coisas que não fossem a porcaria do MEU VESTIBULAR.

Mas era praticamente impossível, essa coisa ficava me assolando e eu preocupado com coisas inúteis e uma hora pensava que tinha tudo pra dar certo, só que 3 segundos depois eu já conseguia encontrar infinitos motivos pro cara me dar um pé na bunda e mandar eu cortar a barba direito (embora eu tenha cortado com muito afeto antes de ir pro abate). E pensando bem não havia muitos motivos pra eu cair fora dali, a não ser o nó da minha gravata, que parecia um "nó de sunga véia do vovô", que foi persistentemente vigiado pelo carinha que me entrevistava. Mas enfim, tudo correu bem, e agora assumo que serei mais um porrinha que usa terno e gravata pra trabalhar.

- Qüen ! Tá na hora do pato bater asa !!!

11.1.06

It's all about the fuckin' money

Quando me alertaram de que se eu quisesse continuar escrevendo teria de tomar cuidado pra não foder com a minha vida profissional, não dei uma razão e sequer concordei com isso. Mas agora, depois de alguns tropeços e reerguidas, confesso que havia um fundo de verdade nessa afirmação. Não dá pra eu tentar transformar minhas vivências em coisas fabulosas e intrigantes, sendo que na maior parte do dia eu esteja escondido atrás de um cara bem vestido, que tem fama de nerd e aparência de "o genro que sua mãe pediu a Deus".

Sinceramente, não era isso que eu tinha em mente quando arregacei minhas mangas e decidi que iria fazer as coisas realmente acontecerem da forma como eu gostaria que fossem. Eu tinha outros tipos de planos... mandar ver num outro curso ligado à comunicação ou algo do gênero, continuar passando aperto e comendo relativamente mal, mas me divertindo em excesso, enfim, várias outras idéias que talvez me levassem pro verdadeiro buraco que eu penso estar metido nesse momento.

Só que algumas coisas aparecem pra te desviar do fluxo comum justamente quando a corda está pra arrebentar, e sempre do meu lado. Mas dessa vez parece diferente, e tenho a LEVE impressão de que estou do lado forte e com a infeliz sensação de que terei de vestir terno e gravata muito antes da minha própria morte.

- Até o fim!

Eu realmente não sei onde isso vai parar, e sequer posso prever se um dia isso vai mesmo ter fim. Atropelo muita coisa em troca de objetivos pouco palpáveis. Cheguei à conclusão de que não consigo encontrar nada, nada mesmo, que me traga um prazer imenso. Então fico tentando por lugares estranhos e experiências até bacanas, eu diria, mas quando tudo acaba e eu paro pra fazer o balanço, o saldo é sempre zero. E por isso fico encucado, querendo sempre mais, e mais e procurar mesmo o ápice de qualquer sensação. Então passo por cima dos princípios de várias pessoas que me cercam, e de certa forma isso me preocupa. Não quero estragar os sentimentos alheios, mas me sinto dentro de um buraco e me chateia quando coloco as pessoas nele comigo, ou que elas paguem pelas minhas cagadas. Mas por outro lado agradeço sempre que aparece alguém consciente o bastante pra dizer "chega, bebemos demais..." e daí esqueço de tudo e se a pessoa for realmente importante pra mim, paro na hora, porque se não for, eu vou até o fim.

9.1.06

Pra alguns é só mais uma cena de FILME

Como é nostálgico assistir a um bom filme onde aparece alguma paisagem de uma das cidades que tive o grande prazer de visitar no ano passado. Faz vir à tona os sentimentos e um pouco daquilo tudo que vivi por lá, não vou negar que bate uma saudade grande, mas as coisas aqui estão caminhando bem. E que os projetos, que nem sei bem ao certo quais são, parecem ir pro lado do sucesso. Pelo menos o sorriso esta sendo garantido!

Preciso continuar o longa-metragem, e botar fogo na história, deixá-la novamente com um temperinho que faz qualquer cidadão de boa capacitação cultural sentir-se instigado pra perder uns minutinhos apreciando uma comédia melodramática.

Torço fielmente para que o enredo não se perca no capítulo 2006, nada foi ensaiado e uns bons personagens que estavam saindo da história resolveu ficar, mas não foi totalmente decidido... Os primeiros momentos foram diferentes que tudo que já se passou, por mais uma vez, a busca por mudar o cenário deixou a festa com um brilho “ofuscado”. Porém não houve arrependimento, foi apenas diferente. Reconheço que faltou companhia, mesmo tendo umas novas que poderia se aproveitar dois deles...

Eu, se é que se pode chamar de protagonista, e o atorzinho coadjuvante (safado) quase nos perdemos por ai. Foi uma “noite” (sendo que a cena se passou em sua grande parte na clareza do dia) daquelas... Conversas de encaixar as idéias no lugar! Pactos de viagens por volta do Mundo (ou uma pequena parte dele)! Conselhos que não se deve dar a ninguém! Discussão dos problemas e coisas que afligem o peito amargurado dos jovens ainda pouco maduros!
O inspetor que faz o check-in, por pouco não deixou-me pra fora da pensão... Por fim, valeu a pena. Mesmo que nunca se possa aceitar as desculpas e dizer:
- Estávamos naquela espelunca que tem a disponibilidade em servir a cerveja que foi responsável em manter as palavras em movimento...

E por ai vai. Paro por aqui, mas as filmagens continuam.

7.1.06


Aposto que você tava no motel, safado!

Não sei por quê mas parece desafiador quando alguém me chama de safado, sinto como se tivesse superado alguma coisa que eu não fosse capaz de fazer e isso de certa forma mexe com meus princípios, põe meu sangue pra correr. Mas infelizmente (ou felizmente) eu não estava em um motel, e o fato de chegar em casa quase na hora do almoço (do dia seguinte) também não significa que eu estava fazendo coisa errada. Ou significa?

Essa louca aí é minha mãe gritando, com o telefone na mão tentando me caçar até no fim do fundo, porque pra variar aquela porcariazinha chamada celular estava no seu devido lugar: dentro da gaveta. Daí eu viro e falo “Motel? Você me conhece, não preciso ficar me explicando toda vez, né...” E o pior que uma frase mal feita na hora errada acabou me ajudando, porque ela parou um pouco e disse que eu tinha razão, afinal quando estou em casa (em SP) ela não pode controlar meus passos, o que de certa forma é bom, mas ao mesmo tempo não me incomoda porque nunca fui cobrado por isso.

O problema é não estar sozinho, e carregar o fardo de ser minimamente responsável pelo também desaparecimento do Palhaço, que quando botou os pés em casa já deu de cara com o FBI e a SWAT a sua procura. E aí eu levo a fama do Pipoqueiro vagabundo que fica levando os caras pro “mau caminho”, sendo que a gente só tava tomando das nossas no posto 24 horas, lá na saída da cidade. Oras, é covardia não encontrar nenhum, n-e-n-h-u-m boteco aberto de madrugada, daí a gente corre o risco de tomar umas malandras lá no posto, onde rola sempre uma excursãozinha vindo sei-lá-de-onde que pára pra tomar um café e comer um meia-cura, e a gente fica aloprando a galera e perturbando a tiazinha do caixa... enfim, coisa mais normal, nada que as outras crianças da nossa idade não façam também!

2.1.06

-1, -2, -3 ...

Se hoje me dessem uma daquelas moedinhas pra jogar no poço e fazer um pedido, talvez eu a guardaria no bolso e não usasse tão logo. Não sei se por temer as consequências que isso poderia trazer, justamente por ser algo que não teria o sabor de parir das minhas próprias mãos ou de alguma coisa (que eu desconheço o que é) de dentro da minha cabeça.

Acho que quando como poeira pra conseguir algo, sempre tenho uns créditos no final, mesmo que não seja o objetivo completo. E é isso que me faz voltar os pés no chão, esse deleite de conseguir coisas que soem como coincidências. Talvez forçar até onde não dá mais, ser "carne de pescoço" pros outros, me traga mais méritos do que qualquer outra conquista pré-ganha.

Dessa vez eu não pulei sete ondas, e muito menos fiz um pedido quando o relógio marcou a chegada de outro ano. E só botei uma regata maltrapilha branca pra não decepcionar todo o pessoal que acredita piamente nessas coisas. Aí dei uns bons goles na minha cerveja, e enquanto toda a parafernalha de fogos estourava e clareava o céu, tentei pensar exatamente em nada.

Não quero que esse ano seja como o que passou, e não vai ser, tenho certeza. Não quero ficar pensando em conquistar coisas e conseguir fazê-las em seguida. Não quero ter poder pra controlar o que me cerca, porque é uma das poucas coisas que me assustam de vez em quando. Vou evitar estabelecer metas tão cedo, e não pensar no fim antes mesmo do começo, tentar não pensar em dar um pulinho e bater com os calcanhares ao final de cada dia.

Dessa vez vou começar perdendo, eu tenho que começar perdendo. É a única forma de criar novas necessidades e então decidir o que tenho que fazer pra supri-las. Chega dessas minhas velhas ambições, quero novas, novas!

- E sei que isso não acontece do dia pra noite, mas até lá ainda tenho uns trezentos e não sei quantos dias...