Um Circo, um Palhaço, um Pipoqueiro, alguns amores, muitos porres. E uns textos complicados sem pé nem cabeça.

13.1.15

“Let me know when you’re done”

Eu esqueci de muitas coisas que me ajudaram a conseguir outras coisas, e isso me torna um veterano inexperiente, por sorte. Não há know how algum, e então não há o que possa ser ensinado ou revisitado – o que me faz ser um barco à deriva de novo e de novo. É como o pirata que enterra o baú do tesouro e joga o mapa fora: se quiser achá-lo mais uma vez, vai ter que penar. E aqui estou eu, penando. 

E se quer saber, eu não ligo a mínima. Aprendi a penar. E depois aprendi a não ligar a mínima. Como em 2005, eu tive que sair do corpo pra ver de fora como eu era, e daquela vez eu não gostei do que vi. E tudo bem. Tudo bem não gostar de quem você é hoje e não querer saber o porquê. Tudo bem também não querer mudar – o que para alguns é muito mais do que uma opção (querer não basta). 

Comecei a entender muita coisa sobre mim, e vi que havia muita coisa boa a ser piorada e vice-versa. Eu sou muito menos auto-crítico hoje – o que seria impossível de imaginar há alguns anos – mas isso não me torna necessariamente uma pessoa melhor, porque fiquei mais intolerante quanto aos outros que me cercam. Não sou de opinar, não vou entrar na sua vida e dizer o que você está fazendo de “errado”, mas vou registrar isso como algo que não deve ser feito. Pode ficar tranquilo, o que é certo ou errado depende de cada um. 

Eu melhorei quando o assunto é complacência às mulheres. E talvez por isso eu tenha tentado ficar longe delas – ou pelo menos daquelas que eu só posso fazer mal. “Se eu não posso fazer o bem, não faço é nada” – é mais ou menos por aí. Viu só, alguma coisa eu aprendi e não me lembro como. Há um tempo uma delas me disse que estava levando a vida como a de um alcoólatra em recuperação: um dia de cada vez – e eu achei uma grande bobagem, mas hoje entendo que ela tinha as razões dela. É muito mais fácil assim.