Um Circo, um Palhaço, um Pipoqueiro, alguns amores, muitos porres. E uns textos complicados sem pé nem cabeça.

7.1.07

Se eu fumasse, esta provavelmente seria a hora certa de acender um cigarro. Não está sendo nada fácil lidar com isso, ou melhor, com a falta do desgramado. Nos últimos dois anos o máximo que consegui ficar sem fumar foram quinze dias contados na folhinha, depois de uma "orientação médica" de que isso não estava ajudando pra curar meus problemas do estômago. Mas agora eu decidi que é pra valer, e ninguém precisou me dizer isso. Foi preocupante perceber que depois de cada cigarro eu tinha de sair à janela pra tomar um ar, porque já tinha tomado um balão enorme por causa dos tragos. E as porcarias dos meus dentes que também já amarelaram. Conheço gente que fuma desde os seis anos e parece que tem dente de pérola, sem uma mancha sequer. Os primeiros dias de abstinência são sempre mais tranquilos, e dá pra levar numa boa. Mas depois que a primeira semana vai embora, e você "não tem nada pra fazer" em casa, vendo TV e tomando cerveja, a única coisa que você pensa é em botar fogo num maldito cigarro. Eu ainda continuo na vontade, pensando em pular logo pro estágio dois, que é começar a nadar de novo ou então alguma outra atividade física, quem sabe assim me afasto mais cedo da fase de distanciamento.

Eu andei uma boa parte da Vila Madalena procurando um lugar pra cortar o cabelo por no máximo dez paus, mas já estava me contentando com a idéia de parar em qualquer salão e pedir pra rasparem tudo por dez, quando pertinho daqui encontrei uma barbearia. Pô, barbearia é um lugar que hoje em dia só existe no interior, mas lá estavam dois velhinhos atendendo outros tantos que se revezavam entre o aparar das costeletas e os jornais do bairro. Não poderia haver lugar melhor pra eu cortar o cabelo, ao menos não teria de ouvir todas aquelas fofocas dos salões de beleza que existem por aí, cheio de Caras & Contigo & Quem, etc. Os homens velhos não fofocam, apenas fazem comentários maldosos sobre a vida alheia, principalmente da concorrência ou então dos perdidos que amanhecem o dia deitados nos degraus do seu estabelecimento.