Um Circo, um Palhaço, um Pipoqueiro, alguns amores, muitos porres. E uns textos complicados sem pé nem cabeça.

9.11.08

Extremidades conflitantes

Eu admiro pessoas com um alto poder de controle sobre si mesmo, a começar por tudo aquilo que é prejudicial à saúde ou qualquer coisa do gênero. Às vezes eu até sinto inveja. Como é que conseguem ser tão fiéis a seus princípios? Tem gente que não consegue comer carne, por exemplo. Daí eu pergunto: como? Confesso que já tentei controlar minha alimentação, comer algumas coisas mais saudáveis e que não me façam engordar, mas péra lá, tudo tem limites. Uma coisa é você comer aquilo o que gosta e sentir um puta prazer. Nestas horas eu não quero nem saber quantas calorias tem ou deixa de ter, o que me importa é a sensação que tenho depois de feito. Outra coisa é você sofrer a ponto de não comer, porque aquilo tem 600 calorias e vai te deixar mais “fortinho”.

Voltando ao “como é que conseguem ser tão fiéis a seus princípios?”, é aí que eu vejo o quanto eu sou prostituído e me convenço muito fácil de que estou sempre certo. A minha guerra é sempre comigo mesmo, do certo contra o errado, do justo contra o injusto e assim por diante.

A minha vida sempre foi levada ao extremo, desde pequeno. Se não é pra muito-muito, então é pra muito-pouco. Bebida demais, cigarro demais, comida demais, mulheres demais, economias demais, e tudo isto e mais um pouco também de menos. Eu consigo ficar um bom tempo sem beber de maneira efusiva, dando uns golinhos aqui ou ali. É até bom, eu sinto que minha personalidade se altera, fico “bonzinho” de repente. Mas daí quando resolvo partir pros goles, entro de cabeça e beber se torna sagrado nos finais de semana. Sobre o cigarro eu não quero comentar, decidi que não vou parar de fumar agora, e isso já é coragem demais também. Eu resolvi dar um tempo em relação às mulheres. Pode parecer prepotência demais, mas é verdade. Por mais que eu não goste de falar no assunto, tenho consciência das coisas que me acontecem quando eu menos espero e mereço. Portanto agora tento fazer por merecer, ficar quietinho no meu canto e tê-las de menos.

Talvez um dia, lá na frente, quando eu estiver beirando meus quarenta anos, eu aprenda o que é ter controle realmente sobre a minha vida. E também aprenda a dosar tudo, inclusive as palavras.