Um Circo, um Palhaço, um Pipoqueiro, alguns amores, muitos porres. E uns textos complicados sem pé nem cabeça.

26.9.06

Quando algo não vai bem...

É como se tudo caminhasse num equilíbrio constante, e que se é tirado um dos alicerces, vai desmoronando, bem devagar... O time só perde, a calça rasga no cavalo, o sorvete cai da casquinha, o olhar não é correspondido, as noites ficam cada vez mais longas, nos sonhos a turma tira um sarro do novo penteado, o cachorro não quer mais brincar, os amigos tendem a se afastar, bate uma confusão de que rumo tomar, e todos que conversam só têm a se queixar...

Mas o interessante é que momentaneamente, pode ser consertado o tal pé arrancado, e pode levar mais um tempo sem maiores problemas. Ou busca-se rever uma situação complicada, com o passado que já deu certo, achando que isso solucionaria uns incômodos do presente! Ligar praquela paixão da infância, que nem o telefone é mais o mesmo. Ir no campo de futebol de terra batida, e ficar batendo uns pênaltis sozinho, só pra gritar com aquele golaço no ângulo...
A verdadeira nostalgia, e só mostra o quanto fiquei velho!

25.9.06

"hot hot hot day"

cole porter plays on
grandma's radio downstairs
problably in the kitchen
she sings so loud that
it frightened a bunch of pigeons
sit in my window
I'm laid down in the couch
watching the black smoke
coming inside my room
through the curtain
and hearing a boring noise as well
there must be the garbage truck again
and that stupid fat driver named pete
pressing that stupid horn
the weather outside is so hot and dry
I could drink a 6-pack
of that grand canadian beer
in a minute
I'm melting in here
and the ceiling fan is not working
what do I do now?
"shat! shat! shat!"
grandma uses a sharp knife
to cut the fish
and "gloop! gloop! gloop!"
I wonder the sound
of the grand canadian beer
going down my throat

it's another fucking hot day!

22.9.06

Ghosts

I don't know how she came into my dreams
that night
beautiful hands and fingers full of rings
moving my hair like my mom did
when I was a kid
the other girl leaves the bed,
she is thirty five, a big red-haired woman that
kicks my balls and shows me her teeth
seems to be laughing on me
"nice teets" I said

the floor is full of green little bottles
we drank, looks like a green hell
I reach the arm untill my coat
and pick a cigarrette while
she gets dressed
the dream is gone now but
the first girl keeps stroking me
I say "hey Brother, get these ghosts out of here!"

15.9.06

Prato cheio

Dia dos infernos. Minha cabeça dói e pesa mais de dez quilos, faz um calor insuportável, eu não consigo raciocinar direito. Me peguei de mau humor, outra vez por causa da enxaqueca. Tudo incomoda. Nada refresca, nem mesmo o raro vento que bate perto das árvores ali fora. Alguma coisa deve salvar meu dia, eu pego o telefone e ligo pra ela pensando que meu humor pode virar, e penso em dizer "meu dia está terrível, talvez falando com você as coisas melhorem", mas não falo nada disso, converso alguma coisa séria e sem muita graça, o mau humor perdura, ela faz piadinhas, e eu pego o telefone e desligo sem dizer nada. Ela me liga de volta, bufando, e descarrega "você é um rídiculo, nunca mais quero falar com você" e bate. Pronto. Agora já estou com o humor bem melhor.

5.9.06

Em (quase) paz

Eu não tenho mais paciência pra ficar reclamando e ouvindo os mexericos que falam, eu devia é agradecer por estar até o pescoço com a faculdade e sem folga nenhuma no trabalho. Ao menos assim consigo argumentos convincentes pra ficar aqui por mais um tempo, mesmo que seja realmente pra correr atrás do que falta fazer na escola e também deixar o ar sujo circular dentro do meu cérebro, e fazer com que eu consiga resolver meus problemas sozinho e sem ter de ouvir ninguém. Talvez eu não precise de tantos conselhos, na verdade acho que não preciso de conselho algum, eu sempre fui uma boa companhia pra mim mesmo e aprendi desde pequeno a amarrar os sapatos sozinho. Com um pouco de esforço eu consigo fazer o que me dá vontade, não tenho muitas coisas ou pessoas que se opõem, e se tenho vivido com muita ansiedade, é porque está muito claro que o que pode mudar têm realmente importância.

Pode até ser que ansiedade seja um tremendo exagero da minha parte, o que não me deixa muito surpreso. Se tenho algum plano pendente, talvez seja terminar logo a faculdade e não ter do que reclamar depois, a não ser a falta de algumas boas pessoas que conheci lá dentro. Aliás, a faculdade é o principal responsável pelos meus problemas de saúde, na maioria causados pela tensão e estresse. O trabalho também tem uma pequena parcela, mas acho que isso tende a desaparecer com o tempo.

Não posso dizer que tirando esses dois pontos minha vida está maravilhosa e completamente nos eixos, mas apenas o fato de não me incomodarem já me deixa de certa maneira aliviado. Sofro muito por estar sempre no meio do caminho entre o querer e o poder. Em alguns tempos eu já fui mais ambicioso, mas agora eu quero menos do que posso, e isso não é nem um pouco animador. Não vejo graça em poder fazer coisas que não tenho vontade, por mais que as pessoas considerem feitos fantásticos e que isso me faça parecer bacana. Eu não sou bacana, nunca tive vocação pra ser bacana e o que mais escuto sobre o que pensam de mim é que eu sou antiquado. Tudo em mim fica estranho, nada se encaixa e qualquer tentativa despretensiosa de fugir dos rótulos faz com que eu pareça outra vez antiquado. Por que eles não se coçam? Essa é difícil de responder.