Um Circo, um Palhaço, um Pipoqueiro, alguns amores, muitos porres. E uns textos complicados sem pé nem cabeça.

29.5.06

O dia de amanhã

Resolvido, em partes, que agora voltou a instabilidade, porém volto a ter o gás pra correr atrás da sonhado "aquilo que um sorriso precisa". Volto a ter o tesão de levantar, sair do confortável cobertor, tomar um bom café da manhã. Abrir a janela, como um "Bom dia SOL!". E de até maquiar o rosto com o pó de arroz mais vagabundo que existe, colocar o nariz vermelho e encarar com firmeza o público que compõe o MUNDO.

* Atualmente fico com receio de como vou expor meus sentimentos&idéias aqui, tem gente por demais bisbilhotando. Que nada seja mal interpretado...

Fez uma falta enorme estar afastado, devido uma falta injustificável de tempo, outra por uma ocupação despressível da minha mente. Novos tempos, página virada. Que venha a próxima etapa, que a passada foi sofrida e na que esta por vir não se cometa os mesmos erros e o aprendizado faça dar valor as pequenas coisas...

24.5.06

Eu faço tudo errado.

Compro a flor que ela não gosta,
uso o carro que eu não tenho.
Meu trabalho é pura aposta,
e eu não escrevo, nem desenho.

Um infeliz a passos largos,
que hora cai, hora tromba,
sem vigor e rigidez,
perambulo sob a sombra
numa eterna embriaguez.

Tento a sorte num bilhete,
arrisco as burras, perco o tom,
e volto à forra da impureza
onde pequeno dei-me o dom.

Do bailar de um gondoleiro
que conduz com maestria,
cortando Veneza ao meio,
declamando sua poesia.

Mas hoje, Tempos Modernos!
Sem Chaplin, Brando e Dean...
Pois marejam tristes olhos,
ao te ver tão longe assim.

22.5.06

I've made my choice.

Você só tem uma coisa a fazer: escolher entre a felicidade em excesso por um perído de tempo relativamente curto ou então a felicidade "normal" durante um período mais constante e duradouro. E aí, qual é o seu pulo? Se bem que o assunto em pauta não é de fato a felicidade e muito menos pra mostrar que sou capaz de obtê-la com tamanha facilidade, mas foda-se.

16.5.06

O Poço

Nunca acreditei, mas chegar lá foi questão de tempo...
Não sabia a profundidade, mas demorou pra queda terminar!
A escuridão assombra e da medo...
E não tem nada que se possa agarrar e fugir.
O cansaço fraqueja, lutar por aquilo que mal sabe onde vai dar!


Desisti

12.5.06

Endoscopiração Póscoce

Diferentemente de algumas coisas que aconteceram de forma precoce pra mim, meu primeiro cigarro veio um pouco tarde, com pouco mais de dezoito. A gente saía pra tomar uns porres de vez em quando (sei...) e tudo não passava situações engraçadas regadas a galões de vinho e algumas vodcas vagabundas que não custavam mais de cinco paus, somada à então "nova" fanta citrus ou mesmo sprite. Os caras já tinham fumado antes, mas naquela empolgação juvenil de aparecer alguém e dizer "olha o que eu trouxe pra gente", com uma caixinha de cigarro de cravo.

Nos primórdios de pouca frequência no posto 24 horas (o antigo Já Pagou?), decidi que aquela noite seria de fato a escolhida pra eu aprender a tragar. Hollywood mentolado, os caras adoravam, era fraco, e diziam que deixava o hálito como se tivesse chupado um halls. Vamos lá, quero ver qual é a desse "hollywood mentolado".

Anos depois me pego com problemas no estômago, provavelmente causado por excesso de cigarro, café, e porcarias como batatas chips e condimentos incríveis (catchup, mostarda, maionese, molho barbecue, etc), que considero indispensáveis na minha dieta alimentar.

- Você precisa ir num gastro ver isso aí!

Cortei o cigarro, o café, e essas porcarias todas que adoro (por duas malditas semanas que pareceram meses). Aí entrei na sala pra deixar um bando de malucos de hospital público enfiarem um tubo escuro güela abaixo, pra tentar descobrir o "problema". Primeiro veio um velhinho com um daqueles copinhos brancos descartáveis dizendo "toma isso aqui...". Nem sei pra que serviu, mas mandei ver. Daí me deitaram na maca e a enfermeira puxou a manga da minha camisa pra cima e powf! Cravou a agulha. "Você vai sentir uma dorzinha leve, mas é preciso."

Em três segundos eu não conseguia dissernir mais nada. O médico, um senhor de uns sessenta e tantos anos, que usava tênis e deixava o som bem alto (tocava Yesterday, em orquestra) veio pra aplicar o famoso tubo. Arrepiante, mas essa parte não lembro direito, porque já estava sob o efeito do sedativo. Só lembro que quando acordei foi uma das melhores sensações da minha vida, parecia que eu estava completamente bêbado, e entrando numa sala com uns quinze velhinhos assustados. Eu quase me mijei de rir, gargalhava alto e gritava "isso é ótimo!" e minha mãe tentando tapar meu berreiro, passando uma puta vergonha. Todos velhinhos caquéticos olhando assustados, como se eu fosse um "doente" em recuperação. Gritei e babei pelo hospital todo... eu devia ter filmado.

Mas por fim descobri que meu problema é de organismo, e não por causa da dieta (Yeah!), ou seja, cigarro, café e afins são todos bem-vindos novamente. Acabo de me sentir como há anos atrás, fumando meu primeiro cigarro (mas este um pouco mais vagabundo do que aquele hollywood mentolado) e tomando uma caneca enorme de café.

- Ahhh!!!

3.5.06

Lendas

Estávamos eu, minha mulher grávida de sete meses e a criança de sete meses que a gente ainda não sabia nem o nome nem o sexo (minha mulher era hippie, não se importava com essas coisas), num programa de entrevistas sendo bombardeados por perguntas estúpidas e particulares, e aclamado por uns trezentos ou mais estudantes que gostavam de mim. Olha só, eu não tenho nem trinta anos e já existe um monte de jovens suburbanos vestidos como eu, que bárbaro.

- Me diz uma coisa, você não se acha muito novo para parecer velho desse jeito?

Fiz silêncio, olhei pros lados como se nunca tivesse ouvido aquele tipo de pergunta, e soltei:
- Que jeito?
- Deste jeito, como você se veste, se porta e também como fala. De onde vêm isso?
- Vêm de mim, oras. Da minha criação, dos meus pais e também da forma como eu encaro a vida.
- Com muita paciência?
- Sim, com paciência.
- Mas mesmo sua aparência. Não acha que é um pouco de exagero?
- E o que é exagero neste país quando uma família da capital, com cinco pessoas, têm cinco bons carros?

O entrevistador era um puta chato, que ficava fazendo intriguinhas pra ver se me deixava nervoso na frente dos estudantes e de minha família. Estava me usando pra atingir as camadas mais baixas da sociedade, tentando vender seu programinha lixo pras pessoas que o odiavam. Mal tocou no assunto do livro, que era (ou seria) o principal fundamento da minha presença.

- A gente percebe que nos últimos meses você tem evitado um pouco da chamada "vida social". A que se deve isso?
- À bebida, às minhas mulheres, meus livros... Ou mesmo à falta de todos eles.
- Bebida? Você poderia nos falar um pouco sobre ela?
- O senhor têm alguma aí?
- Com que frequência costuma beber?
- Já ouviu falar em ressaca? Pois bem, é algo que não tenho há anos...
- Então é por que bebe demais ou por que não bebe há anos?
...
- E as mulheres?
- Que é que tem as mulheres?
- Como é sua relação com elas?
- Tirando minha mulher e minha mãe, o resto delas me odeia. Dizem que eu as deixo enojadas, isso é normal? Você está enojado? Não acho que eu seja tão ruim assim pra elas.

A cada tiro curto que eu dava, ele olhava pra sua mesa e procurava uma resposta pras minhas rebatidas. Eu me saía bem, por enquanto.

- Me fale de sua infância. Foi difícil?
- Difícil? Não. Eu não passei fome, meu pai não era alcoólatra e também não batia em minha mãe. Minha irmã sempre foi estudiosa e não é por acaso que virou uma tremenda advogada. Enfim, tive uma infância comum, como a maioria dos rapazes da minha idade.
- E por que decidiu seguir por um caminho pouco comum?
- O que é comum pra você? Usar brincos de pena de arara é comum? Que eu saiba as araras estão morrendo, e isso não deveria ser nada comum...
- Tudo bem, vou refazer a pergunta. Já que teve uma infância boa, com pais presentes e uma situação financeira estável, o que o fez escolher pela profissão de escritor?
- Ah... bem, eu... sinceramente não sei. Acho que tomei essa decisão muito cedo, e quando chegou a hora de escolher uma profissão eu praticamente já tinha uma. Minha mãe não gostava, meu pai não ligava, mas mesmo assim não queria ser só mais um rapaz que deixava a cidade pra conseguir um diploma. Eu queria algo mais.
- Esse algo mais seria fama e dinheiro?
- Não sei , talvez apenas reconhecimento . Eu não precisava de um caminhão de dinheiro por causa de uns textos que nem eu mesmo consigo entender. Eu só queria ter uma vida menos medíocre do que a de muitos caras que conheci por aí.
- E esses caras que você "conheceu por aí", quem são?
- Hoje não sei mais quem são esses caras, mas naquele tempo eram meus melhores amigos. Pessoas com quem passava mais tempo junto do que com minha própria família. Eram caras legais, passamos por boas juntos, mas hoje não tenho mais notícias deles. Devem estar mortos ou então em alguma clínica por aí.
- E são para estas pessoas que você escreveu este livro?
- Esses caras? Não, não sei. Não sei como eles estão agora. Mas há muita coisa neste livro referente àqueles tempos em que convivi com eles. Talvez não exista mais ess tipo de pessoa hoje em dia. Esses caras viraram lenda!



E antes do encerramento do programa, acordei com a freada do ônibus, que parava no posto de Moji.