Um Circo, um Palhaço, um Pipoqueiro, alguns amores, muitos porres. E uns textos complicados sem pé nem cabeça.

30.11.05

Corre, vai... Um dia você chega lá !!!

Essa pressa, uma busca em preparar-se pro futuro.
Adquirir uma boa qualificação profissional, mas pra isso tem que percorrer um caminho perpetuoso...
Estudar, estagiar (um trabalho relativamente inútil, mas descola aquele troco no fim do mês), viajar&buscar a resposta pra tudo que parece perdido no mundo, voltar pra realidade, e correr atrás do primeiro emprego...

Eu sempre tive muita pressa, até consegui fazer as etapas em um espaço curto de tempo, mas percebi que rápido não é sinônimo de bem feito.
E que aproveitar momentos, com responsabilidade, é gratificante. Sempre me preocupando em formar um caráter de qualidade.

Nesses últimos tempos tenho me deparado com um problema, a tal da experiência...
Pera ai, essa não a primeira oportunidade que eu estou buscando?
Ai, me vêem cobrar ao menos 2 ou até 5 anos no cargo. Mesmo assim mando o curriculum vitae, pra ficar com a consciência tranqüila.
Já estou ficando puto com essa história! Queria conhecer o tal examinador que olha e joga minhas qualificações no lixo. Quem dera eu, ter ele frente a frente e discutir experiências vividas... Amores vividos, viagens inesquecíveis, entes perdidos, amigos de verdade e um jeito de enxergar a vida que esse tal Panaca nunca vai ver.

Sei da minha capacidade, e me frustra quando busco algo que esta perfeitamente dentro das minhas possibilidades técnicas e pessoais, e nem uma resposta em agradecimento pelo interesse acontece!

Mas não vou desistir, e também não estou desesperado em pegar logo “aquela” vaga, vou caminhando. Que correndo é mais fácil eu encontrar uma barreira pra quebrar a cara...

29.11.05

Hã ?

Eu entro pra trabalhar às 8. Ou pelo menos devia.
Acordo às 10 pras 8. E chego na empresa às 20 pras 9.
Rápido assim porque sempre tive o costume de tomar banho antes de dormir, e não no dia seguinte quando acordo. Mas depois que passei a ouvir do pessoal do trabalho "Ei a noitada foi boa ontem, você tá com uma cara de bagaço" e meu chefe ficar "Vai, me conta aí quem você comeu ontem...", tive de adotar a segunda opção. Acordar pelo menos 15 minutos antes já me brocha antes mesmo de dormir. E o pior é que não é por questão de higiene, pois por mim eu só tomava banho aos domingos, mas sim por causa da aparência de dia seguinte que eu tenho.

Só que eu desencanei de vez dessa história, e voltei a acordar no mesmo horário e chegar aqui com cara de bolacha não é problema. Venho no ônibus tentando limpar o amarelo do olho, e fingindo que não tenho mais sono, mesmo achando que caiu um saco de areia dentro deles.
Daí chego aqui todo mulambento e ainda escuto alguém falar "Cara, que hype seu cabelo, como você faz pra deixar ele assim?"

- Babaca...

28.11.05

De 1/2 tigela

Fim de mês dos infernos, e a porcaria do salário que não pagam logo. Esperar até terça-feira é quase que esperar pela morte. Têm-se que dar um jeito em tudo, ainda mais quando o assunto é sobrevivência! Vender o relógio sem bateria, o sofá precioso que eu tenho, a Frigidaire azul-calcinha que está tinindo, já pensei em tudo isso, mas felizmente minhas travessuras prosperaram. Dessa vez foi uma questão de vida ou morte: comida. Já procurei comer 1/3 do que eu devia pra poder tomar das minhas no sábado, e mesmo assim a merda do dinheiro faltou. Aí tive de apelar.

Como no banco há um limite para saques, e o tanto que eu tinha era insuficiente, o único jeito seria usar o débito no cartão. Então lá fui eu pra mais uma aventura no supermercado, em pleno domingo de manhã, dia e horário propícios para encontrar mamães solteironas passeando com seus filhinhos pirralhos, que ficam chorando com o nariz escorrendo por causa de uma porcaria de Passatempo. Vai lá garotão... pode comer a bolachinha e deixa que o titio faz sua parte.

Antes passei no banco pra ver o saldo: 5.77
"Uau, dá pra conseguir o almoço e a janta" - pensei.

Daí fui lá e comprei coisas o suficiente pra chegar na casa dos 5.60 e fui todo felizão pro caixa. Mas a porra do banco estava fora do ar, e tive que ir parar no balcão da gerência só pra tentar passar o cartão. E me irritei, quando o cara não conseguiu de novo. "Então toma aqui essas compras, porque desse jeito eu não quero levar mais nada..." E ainda tentei me segurar pra não rir daquilo tudo. Agora eu tinha fracassado, mas ainda havia tempo pra conseguir comida. Então resolvi agir de caso pensado. Passei na padaria, sabendo que o sistema do banco estava fora do ar, comi uns quitutes e aproveitei pra levar umas coisas pra casa (mas tudo dentro da mixaria de 5.77).

Aí pra variar o cartão travou... mas já era tarde! Eu estava saciado... E o carinha da padaria ficou me olhando com uma cara de merda, meio que sem saber o que fazer e querendo que eu pagasse em dinheiro.

"Olha, tô sem dinheiro aqui, mas anota meu nome aí na comandinha que daqui a pouco volto pra pagar isso, ok?"

Ele não tinha escolha...
E não me pergunte se eu já apareci lá pra pagar, por favor.

Enfim, o fim. Ou quase isso.

Uma vez quase soquei um cara da minha sala, porque ele dizia que a faculdade estava passando rápido demais. Que besteira. Pra mim estes três anos foram os mais longos de toda minha vida! E agora que já estou prestes a botar os dois pés no último ano, acho que esse tempo só tende a pausar mais ainda, como se alguém pegasse o controle remoto e apertasse o "slow".

Sábado foi o dia decisivo, apresentação do trabalho de conclusão, e eu numa ânsia desgraçada. Nervoso não, mas ansioso pra que aquilo acabasse logo. Até porque eu era o babaca que não falaria quase nada do trabalho, e que teve de imitar a Carmen Miranda e sair dali taxado de maluco. A cada saída pra ir no banheiro, era uma visita à padaria da esquina pra tomar um café e fumar um calmante. Sentava lá, acendia um cigarro, chamava um café, depois bala, lavar a mão e voltava. Isso três ou quatro vezes. Antes da apresentação.

Daí chegou a hora de ir embora. Ah!
Finalmente eu estava livre daquela merda, e nem mesmo a tentaçãozinha da minha sala (que me quebra as pernas toda vez que diz meu nome enfatizando a última vogal, "êêê") me faria ficar ali por mais algum tempo. Caí fora. Eu só tinha que comer alguma coisa, porque não mastigava nada desde o pão de queijo das oito da manhã. Mas eu não tinha opção. Ou eu ia pro bar da Augusta ou parava pra comer alguma coisa. Sem chance!

Há tempos eu não sentia aquela sensação de botar uma mesa na calçada e beber assistindo o desfile das bicho-grilos que subia e desciam rumo ao cinema, sem ao menos me notar. Mas com isso eu nunca me preocupei, porque sabia que tudo o que eu atraía eram os bêbados e andarilhos que vivem na rua, alguns tentando escrever e outros tentando cantar. Disso eu nunca reclamei, acho que a rua te apresenta figuras que não se conhece na escola, no trabalho ou no shopping. Pessoas com valores um pouco mais profundos e ricos, sem apêgo material.

E foi numa dessas que um carinha todo maltrapilho chegou na minha mesa e pediu pra mostrar um livro dele. "Blue Escarlate", um pocket ou até menor. Só de olhar o resuminho do livro, na contra-capa, já lancei pra ele "Você leu o Fante." E ele "Ééééé! Como sabe ?"
Muito bom o que ele escrevia, e quem sou eu pra julgar o fato de sua narrativa lembrar o Fante, ou mesmo o velho Buk, quando dizia que comia velhas por grana. "É cara, acabei de reler o Pergunte ao Pó ontem. É excelente." E eu "É, isso parece bom, bom mesmo."
Mas nem pude comprar um de seus exemplares. Ou bebia, ou comprava.

Daí voltei à bebida, e o cara acabou indo embora, de mesa em mesa tentando vender seu bom trabalho. Esse é o charme da Augusta, você não precisa procurar pelas pessoas, porque elas vêm até você. E foi noutra dessas que parou um senhor pedindo uma dose de cachaça com limão, e o garçom veio logo tocando o coitado, como se fosse um animal. "Traz uma cadeira pra ele!" gritei pro garçom. Ele olhou feio, mas trouxe. E trouxe a cachaça com limão também.

"Meu amigo, preciso de sua ajuda. Estou escrevendo um filme há três anos e não consigo terminá-lo. Me falta a frase final, aquela que dá sentido a tudo o que foi representado..." atirou ele pra cima de mim. Mas um filme ? Como eu iria terminar o filme do cara se não sabia ao menos sobre o que era ? Aí ele começou a falar sobre política, o Lula, e tudo esse rolo de esquerda e Zé Dirceu, Genoíno, blá blá blá !!!

Aí falei pra ele "É meu amigo, a pedra virou vidraça!"
E ele "O quê? o quê? Pode repetir isso por favor?"
"A pedra virou vidraça!"

E ele abriu a pasta, pegou um calhamaço de folhas (que supostamente era o filme), abriu na última página e escreveu o que eu disse. "Tó, assina aqui, me dá seu telefone, e-mail, porque preciso da sua autorização pra usar esta frase no filme. Você vai receber uma bolada por isso, meu chapa."

O resto é história de bar...

24.11.05

Amizade faz diferença

O tempo passa, e os personagens do nosso cotidiano escrevem a história e deixam mais interessante o enredo. Coadjuvantes já passaram e fizeram parte de alguma passagem da minha vida e outros deixaram sua marca. Prestando várias provas de companheirismo. Seja ela numa conversa de bar ou nos momentos de angustia em que algumas palavras mudam muita coisa.

Por isso, rasgo o verbo pra esse Garoto, um cara que há algum tempo era apenas mais um na multidão dos desconhecidos que enfeitavam o cenário. Porém a amizade foi fortalecendo e posso dizer sem sombra de dúvida que tenho um camarada de confiança ao meu lado.

Ainda tem muito chão pela frente, não se passou nem metade do livro e tem muita história pra contar...

18.11.05

Tem dias em que as coisas não caminham bem, bate um "cansaço" enquanto o corpo se sente descansado, refugio-me em um breve cochilar. Que desperta-me! Trazendo à tona a segunda chance de sair com o pé direito do local de repouso. Mas isso causa um problema, conseguir alcançar o sono na madrugada seguinte... São momentos solitários, uma busca por entretenimento e/ou uma boa companhia, seja ela para uma boa conversa ou aquele cafuné que aconchega e traz conforto pra ter uma boa noite de sono.
Vou brincar de procurar os carneirinhos no meu pasto verdejante e indicar o caminho da cerca onde eles devem pular, sendo assim conta-los até centenas deles me ajudarem a dormir.

E que amanha o dia seja promissor e não me venha causar a angústia e preocupação em ter que tirar uma pestana para melhorar o ânimo e decorrer das coisas...

17.11.05

- E daí se eu vou tocar essa de novo ?

Eu sabia que tinha passado do ponto, era evidente. Por que me abordar sobre um assunto tão besta, ainda mais neste momento? Cansei de ouvir as pessoas me detonando e retalhá-lhas apenas com uma risada sem graça, ou com uma cara de quem não entendeu o recado. Tudo bem que depois eu tenha de ouvir que sou arrogante, orgulhoso, prepotente e egoísta, mas era a melhor hora de provar o quanto as pessoas se enganam a respeito das outras. Agora, me chamar de medroso? Isso eu não aceito. Não só não aceito como também retruco nas palavras, e falo mesmo as merdas que não querem que eu fale.

Por isso minha tia quer me internar, me dar remédio, me tratar com terapia, diz que eu tenho um transtorno obsessivo compulsivo horrível... pra isso eu realmente me dobro em risadas. Chega a ser humilhante. Dizer ainda que sou ingrato por tudo o que fizeram por mim a vida toda, eu nunca disse isso. Eu nunca tomei atitude alguma que significasse ingratidão, portanto estou cagando pra ela. Conseguiu me deixar puto da vida, e dizer que tudo aquilo que dizia era pro meu bem. Essa é a frase preferida dos hipócritas!

Coisas que as pessoas acham que tem direito de participar na sua vida, só porque tem o mesmo sobrenome. É um porre.

Família é bom quando fica longe, só pela saudade, mas depois vira aquele inferno. Aquela troca de farpas e briguinhas idiotas, um falando mal do outro, enfim, aquela merda toda. Tudo porque se sentem no direito de saber um pouco mais da vida dos "irmãos de sangue".

- Não interessa como eu faço pra gastar tanto dinheiro assim, porra! Afinal de contas, ele não é meu?

3.11.05

É COMO ANDAR DE BICICLETA

Aquele foi apenas mais um dia ruim, um domingo qualquer, desses que eu devia sentar e esperar a depressão bater. Era uma cena normal pra mim, embora não tivesse mais tanto impacto quanto antigamente. Tinha virado uma sensação "crônica".

Pra variar, a noite anterior tinha sido fantástica, regada a muita bebida.
A deprê no domingo não veio. E eu comecei a sentir-me bem novamente.
Eu era um vencedor, de antemão. Sabia que iria vencer antes mesmo dela me pegar.

Aproveitei a proximidade de alguns poucos amigos, e junto deles busquei o fundo do poço. Bebi. Ou melhor, bebemos. E então mais uma vez, no dia seguinte, esperei a deprê chegar. Mas nada dela, apenas a ressaca desgramada que fica martelando na cabeça e nos forçando a pensar naquele jargão de dia seguinte: "Nunca mais vou beber..."

Ah, que nada, nem essa ressaca desgraçada me causou isso.
Trouxe coisa pior: o medo.

Daí eu me pergunto: medo de quê ?
Medo de tudo, medo do dia depois de amanhã.
Porque tudo o que a gente mata num copo de bebida é apenas o dia seguinte (no máximo) e nunca as projeções futuras que podem ter seu fluxo desviado por um descuido besta.

Não achei certo o jeito como eu trazia as coisas até mim. Não achei justo o jeito que eu me sentia feliz. Pior que isso, eu não me achei importante para os outros, e aí é um ponto que me incomoda. Eu não ter valores, não ter idéias, não ter argumentos convincentes além daquele sorrisinho irônico que destrói qualquer pessoa que me afronta.

Esse medo me tirou coisas muito mais profundas, coisas cravadas no meu coração e que praticamente forravam minhas idéias e atitudes. Tirou-me a literatura. A boa literatura. Isso pode parecer pretensão demais, ou um pouco de egoísmo. Ou mesmo mais um cara que fica caçando probleminhas e colocando no seu "blog". Mas não, foi muito além disso.

A vontade de escrever, que é a coisa que mais amo fazer e, tenho certeza, faz parte da minha essência como pessoa, estava indo embora com esse medo. Feliz em saber que por mais que tenha ventado, essa velha árvore cravou suas raízes profundas ao solo e suportou firme.

- Estou de volta mais uma vez.


Gracias por volver, Pichinguinha.

EU QUERO FUGIR
Fui avisado, me alertaram sobre o perigo. E eu sabia do risco, e fiz o possível para adiar a volta, mas fraquejei e retornei!
Não sei o que se passa, se o problema é inerente a mim ou se exite algo que me desgasta e me trava aqui. Uma insatisfação e tristeza toma conta daquele sorriso, não deixando sonhar...
Quero caminhar, e não quero um percurso já de terra batida, onde milhares já passaram e não chegaram a lugar algum. Meu negócio é sair de vela, sentir o cheiro de bom no ar e acreditar que lá esta minha fulga. A tal saída, que me fará encontrar-me! Cansei de rodear rostos desconhecidos e que nada criam a expectativa de quer saber um algo mais. O velho, na multidão porém solitário...
Vamos tocando !
Acreditando !
Existe a luz naquele túnel !
Só não para de andar...
E o que dá força de verdade é que sempre tem imagens e companheiros nessa jornada.