"Estive lá, e senti..."
Uma vez botei na cabeça que só o velho Buk poderia me tirar de vez da lama. Era uma situação conturbada, eu estava me acostumando a viver sozinho comigo mesmo, e esquecendo um pouco (ou tentando esquecer) dos problemas com mulheres que tive nos últimos tempos. A solução era meio inusitada, daquelas do tipo “se você não pode vencê-los, junte-se a eles” ou coisa assim, mas tudo indicava que eu deveria aceitar a lama naquele momento porque era ali que eu deveria estar. Sem hipocrisia, não acredito em destino, mas acredito que algum dia a gente começa a pagar por todas as merdas que já fez, e quando esse dia chega a melhor coisa a fazer é sentar e aceitar o que vier.
Lembro que tinha acabado de começar o Hollywood, e confesso que de cara fiquei com receio de onde aquele mundo poderia me colocar. Mas aos poucos esse mundo foi se fazendo comum, e eu comecei a delirar de forma bárbara pelas situações, ainda mais se tratando de algo que de fato existiu.
Eu já dava de ombros pras mulheres um pouco antes disso, porque não me interessava mais com quem ou quantas eu estava junto, mas sim que como todo moleque de 15 anos eu tinha meu amorzinho de cartinhas guardado no peito, e já que não era com ela que eu iria ficar resolvi botar pra quebrar. Nessa época eu fiquei realmente sozinho. Não que meus amigos tenham culpa alguma, mas eu não conseguia conviver “em sociedade” justamente pela pouca vergonha que eu tinha adquirido nesse tempo, e por temer que meus trejeitos causassem algo de ruim. Daí eu bebia vinho feito um louco, e guardava garrafões de 3 litros escondido atrás do meu caixote de feira, pra ninguém meter o bico. Me achava o máximo. Sentava no sofá cheio de pulgas, colocava algum som pra rodar e ficava lá brincando de escrever e bebendo feito gente grande, pitando meu pobre cigarrinho um atrás do outro, como se fosse uma baita terapia.
Por mais que nesse tempo eu tenha jogado minha saúde e meus modos no lixo, achei que outra investida diferente desta seria pífia. Tive sim minhas aventuras, e talvez elas foram as principais responsáveis por me familiarizar tão rápido com os suéteres rasgados, goladas no bico e “chega pra cá”. Perdi mesmo o medo de muita coisa ruim que me assolava, e mais do que isso, perdi o respeito, inclusive por pessoas que não mereciam sentir na pele o que eu passava. Mas era um caminho a ser seguido, e eu fui lá e fiz minha parte. E bem feita.
<< Home