Um Circo, um Palhaço, um Pipoqueiro, alguns amores, muitos porres. E uns textos complicados sem pé nem cabeça.

7.1.06


Aposto que você tava no motel, safado!

Não sei por quê mas parece desafiador quando alguém me chama de safado, sinto como se tivesse superado alguma coisa que eu não fosse capaz de fazer e isso de certa forma mexe com meus princípios, põe meu sangue pra correr. Mas infelizmente (ou felizmente) eu não estava em um motel, e o fato de chegar em casa quase na hora do almoço (do dia seguinte) também não significa que eu estava fazendo coisa errada. Ou significa?

Essa louca aí é minha mãe gritando, com o telefone na mão tentando me caçar até no fim do fundo, porque pra variar aquela porcariazinha chamada celular estava no seu devido lugar: dentro da gaveta. Daí eu viro e falo “Motel? Você me conhece, não preciso ficar me explicando toda vez, né...” E o pior que uma frase mal feita na hora errada acabou me ajudando, porque ela parou um pouco e disse que eu tinha razão, afinal quando estou em casa (em SP) ela não pode controlar meus passos, o que de certa forma é bom, mas ao mesmo tempo não me incomoda porque nunca fui cobrado por isso.

O problema é não estar sozinho, e carregar o fardo de ser minimamente responsável pelo também desaparecimento do Palhaço, que quando botou os pés em casa já deu de cara com o FBI e a SWAT a sua procura. E aí eu levo a fama do Pipoqueiro vagabundo que fica levando os caras pro “mau caminho”, sendo que a gente só tava tomando das nossas no posto 24 horas, lá na saída da cidade. Oras, é covardia não encontrar nenhum, n-e-n-h-u-m boteco aberto de madrugada, daí a gente corre o risco de tomar umas malandras lá no posto, onde rola sempre uma excursãozinha vindo sei-lá-de-onde que pára pra tomar um café e comer um meia-cura, e a gente fica aloprando a galera e perturbando a tiazinha do caixa... enfim, coisa mais normal, nada que as outras crianças da nossa idade não façam também!