-1, -2, -3 ...
Se hoje me dessem uma daquelas moedinhas pra jogar no poço e fazer um pedido, talvez eu a guardaria no bolso e não usasse tão logo. Não sei se por temer as consequências que isso poderia trazer, justamente por ser algo que não teria o sabor de parir das minhas próprias mãos ou de alguma coisa (que eu desconheço o que é) de dentro da minha cabeça.
Acho que quando como poeira pra conseguir algo, sempre tenho uns créditos no final, mesmo que não seja o objetivo completo. E é isso que me faz voltar os pés no chão, esse deleite de conseguir coisas que soem como coincidências. Talvez forçar até onde não dá mais, ser "carne de pescoço" pros outros, me traga mais méritos do que qualquer outra conquista pré-ganha.
Dessa vez eu não pulei sete ondas, e muito menos fiz um pedido quando o relógio marcou a chegada de outro ano. E só botei uma regata maltrapilha branca pra não decepcionar todo o pessoal que acredita piamente nessas coisas. Aí dei uns bons goles na minha cerveja, e enquanto toda a parafernalha de fogos estourava e clareava o céu, tentei pensar exatamente em nada.
Não quero que esse ano seja como o que passou, e não vai ser, tenho certeza. Não quero ficar pensando em conquistar coisas e conseguir fazê-las em seguida. Não quero ter poder pra controlar o que me cerca, porque é uma das poucas coisas que me assustam de vez em quando. Vou evitar estabelecer metas tão cedo, e não pensar no fim antes mesmo do começo, tentar não pensar em dar um pulinho e bater com os calcanhares ao final de cada dia.
Dessa vez vou começar perdendo, eu tenho que começar perdendo. É a única forma de criar novas necessidades e então decidir o que tenho que fazer pra supri-las. Chega dessas minhas velhas ambições, quero novas, novas!
- E sei que isso não acontece do dia pra noite, mas até lá ainda tenho uns trezentos e não sei quantos dias...
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