Um Circo, um Palhaço, um Pipoqueiro, alguns amores, muitos porres. E uns textos complicados sem pé nem cabeça.

28.11.05

De 1/2 tigela

Fim de mês dos infernos, e a porcaria do salário que não pagam logo. Esperar até terça-feira é quase que esperar pela morte. Têm-se que dar um jeito em tudo, ainda mais quando o assunto é sobrevivência! Vender o relógio sem bateria, o sofá precioso que eu tenho, a Frigidaire azul-calcinha que está tinindo, já pensei em tudo isso, mas felizmente minhas travessuras prosperaram. Dessa vez foi uma questão de vida ou morte: comida. Já procurei comer 1/3 do que eu devia pra poder tomar das minhas no sábado, e mesmo assim a merda do dinheiro faltou. Aí tive de apelar.

Como no banco há um limite para saques, e o tanto que eu tinha era insuficiente, o único jeito seria usar o débito no cartão. Então lá fui eu pra mais uma aventura no supermercado, em pleno domingo de manhã, dia e horário propícios para encontrar mamães solteironas passeando com seus filhinhos pirralhos, que ficam chorando com o nariz escorrendo por causa de uma porcaria de Passatempo. Vai lá garotão... pode comer a bolachinha e deixa que o titio faz sua parte.

Antes passei no banco pra ver o saldo: 5.77
"Uau, dá pra conseguir o almoço e a janta" - pensei.

Daí fui lá e comprei coisas o suficiente pra chegar na casa dos 5.60 e fui todo felizão pro caixa. Mas a porra do banco estava fora do ar, e tive que ir parar no balcão da gerência só pra tentar passar o cartão. E me irritei, quando o cara não conseguiu de novo. "Então toma aqui essas compras, porque desse jeito eu não quero levar mais nada..." E ainda tentei me segurar pra não rir daquilo tudo. Agora eu tinha fracassado, mas ainda havia tempo pra conseguir comida. Então resolvi agir de caso pensado. Passei na padaria, sabendo que o sistema do banco estava fora do ar, comi uns quitutes e aproveitei pra levar umas coisas pra casa (mas tudo dentro da mixaria de 5.77).

Aí pra variar o cartão travou... mas já era tarde! Eu estava saciado... E o carinha da padaria ficou me olhando com uma cara de merda, meio que sem saber o que fazer e querendo que eu pagasse em dinheiro.

"Olha, tô sem dinheiro aqui, mas anota meu nome aí na comandinha que daqui a pouco volto pra pagar isso, ok?"

Ele não tinha escolha...
E não me pergunte se eu já apareci lá pra pagar, por favor.