Circo: ÚLTIMAS SESSÕES DE 2004
Vamos aproveitar o finalzinho desta temporada pra planejar o que vem por aí em 2005. Não é muito coerente fazer planos, mas pensar um pouco adiante não custa nada, e muitas vezes acaba dando certo.
2004 foi um ano estranho.
Não foi nem muito bom, nem muito ruim (como muitos outros anos...).
Pra mim, teve um valor especial tanto profissional, quanto pessoal.
Foi o ano que consegui, finalmente, sair de casa.
Não que eu não goste da minha própria casa, mas é que quis saber como é ficar longe dela. E acho que o saldo foi positivo, haja visto tudo o que aconteceu nesse meio tempo. Descobri muitas coisas novas estando aqui em São Paulo, cidade que aprendi a gostar e odiar num espaço de tempo minúsculo.
Descobri que os momentos em que passamos com os amigos acabam sendo infinitos, já que ficamos sem nos ver durante um bom tempo; Sejam esses momentos bons ou ruins, acabam marcando mais ainda na nossa memória. E que quando você acha que todos eles sumiram da sua vida, é só olhar para o lado e ver que você pode estar escorado num deles.
Aprendi a conviver melhor com cada uma dessas pessoas, sabendo o que posso usufruir e o que preciso ceder para torná-las mais felizes. Esse é um ponto que me orgulho bastante.
Se não os tratei da melhor forma possível, foi porque no momento aquilo não era pra acontecer. Mas tudo o que fiz, especialmente da metade do ano pra cá, foi com o coração aberto e disposto a melhorar cada segundo da vida deles.
Espero que continuemos amigos por muito mais tempo do que imaginamos, mesmo contando com a ausência de alguns. Quero que meus filhos os chamem de tios, e que entrem na minha casa sem precisar bater na porta. Os caminhos podem, e vão, se distorcer num futuro não muito distante, mas espero que lá na frente nos encontremos novamente pra saber quão importantes somos uns pros outros.
Demorei pra perceber que é complicado ter uma relação à distância com alguém, mas que as pessoas especiais também podem existir aqui mesmo, perto da gente. Mesmo que elas entrem e saiam da nossa vida nos momentos em que mais precisamos delas. Cada uma tem seus próprios motivos, não entremos em detalhes.
Contudo, aprendi que nem sempre ser "bonzinho", é bom. E que por melhor que sejam suas intenções, as pessoas podem olhar pra você como se você fosse um animal faminto. Descobri também, que beijar outra pessoa pra esquecer a anterior só serve pra atestar que gostamos mais ainda da primeira. Só que isso às vezes é necessário e as pessoas o fazem para se refugiar.
Não escondi de nenhuma o quanto gostei delas, mas às vezes lidamos também com mulheres que pouco importam para o que sentimos. E se eu também não vejo onde encaixar um bom sentimento nesse "rolo", tiro de letra. Afinal, meu coração criou uma camada emborrachada que é à prova de sentimentalismo barato.
Pro ano que vem, não pretendo evitar que as paixões venham, como tentei fazer nesse final de ano. E se tiver que me foder de novo, estamos aí. Cansei de ser bonzinho oras...
Só não aceito, e nem aceitarei, que as pessoas me cobrem o devido tratamento que recebiam, no momento em que elas se encontravam "por cima da carne seca".
Aprendi também a conviver comigo mesmo, e com as situações que me remetem. Saiba de uma coisa: solidão não significa estar sozinho, e estar sozinho não significa solidão.
Bebi café e fumei muito pra esquecer uma pessoa maravilhosa, que me ajudou a enxergar algumas qualidades obscuras na minha pessoa.
Bebi muita cachaça pra lembrar dela, nas horas em que me sentia triste por não poder dividir com ela um espaço gigantesco dentro do peito.
Ela foi responsável por 80% das criações que a remeti, pra tentar trazê-la pra perto de mim. E quando se foi, levou meu bom senso, juízo e tinta na bagagem. Já não choro mais por isso, o acaso sabe o que faz. Espero eu.
Pra finalizar, espero encontrar minha família sempre unida quando voltar pra casa, pois eles ainda são a base pra me manter de pé, sempre que preciso. E que eu continue progredindo no meu lado profissional, mesmo que caminhando no contra-fluxo. Ainda tenho muita coisa pra TENTAR fazer. Muitos erros pra cometer !
Quero muito encontrar todos juntos no final de ano, apesar de saber dos problemas de cada um. Mas uma coisa venho dizendo há tempos: O NATAL É MÁGICO DEMAIS PARA FICARMOS SOZINHOS E TRISTES. Vamos ao menos arriscar, já que mantivemos os pés no chão durante o ano todo.
É isso aí.
Não queria isso ficasse tão grande assim, mas é compulsivo. Alguns sabem como é.
Ano que vem o Circo volta, pingando São Paulo-Londres pra todos os espectadores.
Beijos no coração de todos, e Feliz Natal e Ano Novo.