Um Circo, um Palhaço, um Pipoqueiro, alguns amores, muitos porres. E uns textos complicados sem pé nem cabeça.

6.7.06

Inincontrável!

Pra mim não havia problemas em viver à espreita, com o dedo no botão segurando a vida por mais algum tempo enquanto os outros apenas deixavam rolar, fazendo o que a vida os propunha a fazer, sem se importar que o controle em suas mãos fosse pequeno. Eu acabava aceitando porque busquei chegar a essa condição, tentei fazer as coisas de forma que não estivessem fora do meu alcance, justamente pra ter controle dos atos, esquecer que existe o "dia seguinte depressivo" depois daquelas brincadeiras feitas sem pensar, ficar batendo com os punhos na testa e dizendo "merda! merda! merda!"

Mas houve a fase boa, os chamados "bons tempos". Eles sempre duraram pouco, geralmente bem menos do que suas consequências, mas eram bons. Bons pra cacete, aliás. Dava pra andar sem me esconder, sem achar que me olhavam com o canto do olho, eu não tinha muitos motivos pra reclamar da vida, parecia que cada vez que eu me fodia era só mais uma picada de pernilongo besta que sequer iria inflamar. Tudo dava certo, até o dia em que eu comecei a querer controlar a minha própria vida, e isso era uma petulância e tanto. Queria poder articular as coisas do meu jeito, mas sem poder, entende? E ví que não daria certo.

Daí resolvi deixar de ser um super-herói, pra me tornar só mais um fulaninho qualquer. O cara que voltaria a viver sozinho, sem ter frio e sem sentir fome, mas que continuaria fazendo alguns de seus planos idiotas e praticamente distantes de serem alcançados, continuando a dar uma rabiscada nos textinhos de gaveta, sendo que tudo isso era a válvula de escape mais previsível. Não dá mais pra aceitar as coisas como elas estão, eu não consigo viver muito tempo dentro de uma situação que não se altera, mude ela pra melhor ou pior. Mas já sei, tenho um bom plano em mente: vou pegar uma grana emprestada (claro, ou tá achando que sou um banco?) e depois que o ano acabar, vou sumir daqui, vou dar mais um passo. Porque é bem assim, eu consigo dar meus passos quando quero, e é isso que vou fazer: dar mais um passo em frente.