Look out kid, it's something you did...
Um espaço em branco na minha frente pode ser facilmente preenchido se eu não tiver muita coisa pra fazer, além de levar meu fardamento pra lavar ou então dar um brilho descente nos dois sapatos já de solas gastas. Quanto mais ainda se eu tiver como suporte uns bons copos de café e um únco maço de cigarros qualquer (de preferência, os meus). Talvez na ociosidade da rotina, investidas indolores em resgatar algo perdido, ou melhor, algo pausado no tempo que sequer correu de fato, podem me trazer de volta todas articulações praticamente em desuso.
Quando um pássaro caga homericamente na tampa da sua cabeça, e você sente aquele quase mijo correr quente sobre sua testa e depois descer aos poucos pros olhos e então você sentir o cheiro bom da sua imaginação, tão fértil a ponto de cultivar batatas que já brotam fritas, fatiadas em slicers importados e que chegam a ficar transparentes se olhadas contra a luz. Faz com que as rugas dêem lugar à lucidez, como Peter Pan, o cara que esqueceu de crescer.
Às vezes um espaço em branco não é o bastante, é preciso pegar o que já existe e maquiar daqui, atarrachar dali. Voltar a brincar com "o argumento" do qual tenho sede de ver crescendo cada vez mais, desde o aniversário de minha mãe, desde o tempo em que fui apaixonado por alguém que me levou pedaços de textos dedicados e palavras amarradas às outras, que davam algum jeito de explicar meus sentimentos. Talvez não seja como descobrir que seu braço é forte o suficiente pra lançar a bola de um campo ao outro, mas sim descobrir que seu braço ainda pode ao menos lançar, isso é bárbaro.
Questionei inclusive como me senti incapaz de fazer nascer algo novo, ouvindo as coisas que despertam toda uma vitalidade cheia de anseios e também as coisas sem muita razão, sem face e tamanho. Apenas bons fluidos, good vibrations, nada de estereótipos ou nomenclaturas ridículas. Nada fora dos parâmetros, algo como "só quero brincar de novo".
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