Um Circo, um Palhaço, um Pipoqueiro, alguns amores, muitos porres. E uns textos complicados sem pé nem cabeça.

11.4.06

Peguei uma lata grande de ferro, rasguei foto por foto, carta por carta, corações de guardanapo e umas flores murchas que ficavam no copo em cima da geladeira. Despejei um bom tanto da garrafa de álcool dentro da lata, e depois que eu não conseguia identificar mais nada, risquei um fósforo e joguei. Era essa a minha vontade, sempre foi. Botar fogo em tudo o que incomodava, tudo o que tinha a ver com ela e com seus interesses profanos. Mas eu era um bundão até alguns minutos antes de encontrar aquela caixa de fósforos dando bobeira do lado da minha cama.

Tirei meu caderno da gaveta do criado mudo, abri nas páginas que tinham a orelha dobrada pra dentro, arranquei todas elas com a mão mesmo, e fui mantendo o fogo da lata aceso. Parecia que mesmo eu querendo apagar da memória os tempos mais imprestáveis da minha vida, eu tentava manter "a chama acesa".