Um Circo, um Palhaço, um Pipoqueiro, alguns amores, muitos porres. E uns textos complicados sem pé nem cabeça.

23.2.06

Efeito placebo

Por um momento pensei em tirar tudo do eixo e fazer as coisas como de costume. Ser previsível e ao mesmo tempo surpreender. Mostrar pros outros que ainda estou longe da covardia, que faço sempre o que esperam de mim por mais tolo que seja o feito. Voltar a ser carne de pescoço, ser sujão, ter meus momentos ruins sempre consertados por banalidades fantasiosas que me iludem ainda mais, com coisas que eu jamais serei capaz de concretizar e fazer com que se assemelhem à minha imagem.

Mas senti uma fraqueza, tremenda. Aquela fraqueza que só quem pensa que é durão pode ter, mas na verdade não é durão porcaria nenhuma. É um fraco como muitos, um fraco não-declarado que às vezes abre a guarda pra receber um merecido tiro pensando ser um mártir. Um fraco com vontade de fazer muita coisa que não lhe cabe, mas que não consegue perder a vontade. Um fraco que se esconde atrás de algumas outras fraquezas, que o impedem de dar um pulinho e tocar com os calcanhares ou então pular pra fora da janela, e na chuva, sem camisa, pedir pra noite não acabar tão cedo.

Não, eu não vou fazer isso, porque agora eu não consigo pegar o telefone e tentar saber se vai, se já foi ou mesmo dizer boa viagem.