Um Circo, um Palhaço, um Pipoqueiro, alguns amores, muitos porres. E uns textos complicados sem pé nem cabeça.

22.9.05

Aquela realmente não era uma noite qualquer.
Fui expulso da aula de Economia pelo professor alemão que encrespou comigo, achando que eu não parava de olhar para o lado. E de fato eu olhava muito para o lado, mas o porquê disso você fica sabendo depois. Pronto, ainda era umas 10 da noite e eu tinha combinado de encontrar os caras só depois das 11, no bar que o João abria naquele mesmo dia. Eu não tinha outra alternativa a não ser caminhar até lá e ficar tomando umas biritas na região enquanto os malandros não apareciam. Encostei na padoca da esquina, puxei uma cerveja e fui ver como estava a cara do bar, e ao chegar na porta dei de cara com o João fantasiado de "pedreiro profissional", como ele mesmo disse (embora eu o veja como um meia-colher) e a Tata já toda pronta para a inauguração, usando um vestidinho vermelho, no melhor estilo moranguinho.


Até que não era uma má idéia eu ter chegado antes, afinal acompanhei de perto os últimos retoques e apertos de parafuso para que a biboca finalmente pudesse abrir. Aos poucos ia chegando aquele pessoal que costuma frequentar essas casas alternativas de SP, vestidas quase que de maneira uniforme, e certa hora os caras chegaram.

Bebemos, dançamos, conhecemos gente, conhecemos gordas (pula...), conhecemos um figura que se entitulava Street, mas que alguns ousavam chamá-lo de "filho do cão" por causa de sua aparência, digamos, estranha. Enfim, enxarcamos. E no dia seguinte dormimos até umas 2 da tarde, só pra curar os males das branquinhas que foram servidas seguidamente na noite de sexta. Uhf !

E foi então que veio a parte boa.
Eu e o Loes abrimos uma cerveja, apenas para vir aquele soninho de sessão da tarde, e pensamos em dormir. Mas a cerveja nos fez lembrar da noite passada e minutos depois abrimos outra. E outra, e outra, outras... Era um cenário que eu nunca tinha visto antes. Um dia frio e chuvoso, sem muita luz lá fora e a cortina fechada ajudava a manter o ambiente com um ar p&b, sem muitas cores e brilhos. E mesmo depois do dia ter ido, mantivemos a luz apagada, e nos guiávamos pelas brasas do cigarro e pelo som de cada voz.

A sintonia que atingimos no desenrolar do papo era coisa inimaginável, e tudo o que era implícito foi saindo e criando vida, como uma planta. As relações amargas e difíceis, desamores, amores em vão, ou não, e tudo isso se resumia quanto à vontade imensurável da escrita simples e crua. Lembramos de poesias, e da paixão de Loes pelas poetisas e a serenidade que elas lhe trazem, confrontante com o meu desejo imundo de abrir um vinho vagabundo e bebê-lo no gargalo, feito o velho Buk. E falar das mulheres puras de forma deselegante, lembrando que elas também fazem das suas e que assim como as "da vida", merecem a honra do insulto.

Foi foda.

E passei o domingo agonizando as consequências do melhor vinho barato & vagabundo de todos os tempos.