Ninguém sabe porque cargas d’água Oto acordou naquela manhã de sábado já decidido de que aquele seria o dia ideal para arrumar uma namorada. Reclamava que sentia falta de uma mulher para o acompanhar em tudo o que fizesse e que compartilhasse consigo os momentos tristes e felizes que vivia. O mais gozado era que todo mundo sabia que não era do seu feitio, sair por aí à caça de mulheres. Ele sempre foi tão reservado, e cuidadoso para que não viesse a cair na boca do povo, por causa dos erros e foras que cometia; mas ultimamente isso não era o que mais importava.
Há alguns anos atrás, Oto aderiu à boemia como quem se apaixona pelo Corinthians e começa a freqüentar o estádio todo santo domingo. No balcão, fez muitos amigos com quem passava altas madrugadas discutindo literatura, política e principalmente futebol.
Pois bem, aquele sábado seria o dia D.
Oto queria sua princesa. Sua mulher maravilha. Sua deusa. A futura mãe de seus 5 filhos. E com esse intuito, vestiu uma de suas melhores camisas - uma xadrez de azul-marinho com verde e botões brancos - e lustrou os sapatos que estavam guardados havia meses. Cortou a barba e deu um trato nas madeixas. Tudo isso depois de passar a tarde toda no Bar do Aritana, jogando dominó com a turma da companhia ferroviária.
Ele não demonstrava, mas era perceptível que não se sentia bem, trajando aquelas roupas que não condiziam com seu ímpeto e gozo boêmio, porém pensou ser necessário, já que estava à procura da futura mãe de seus 5 filhos. E foi pro bar.
Mas bar ? Quem iria encontrar uma mulher direita no bar ? A não ser que fosse a filha da dona do bar, o que não era o caso. No bar do Aritana só havia homens casados, que deixavam suas esposas agonizando em casa, enquanto deleitavam do prazer que é estarem livres. O crucial é que Oto foi pro Bar da Geni, lugar freqüentado por mulheres viúvas e descasadas, que à base do forró e do bate-coxa, levavam um ou outro pra casa. Até a Geni se assustou quando viu aquele homem bem vestido entrar no seu bar. Coisa mais estranha...
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