Um Circo, um Palhaço, um Pipoqueiro, alguns amores, muitos porres. E uns textos complicados sem pé nem cabeça.

10.11.04

Cadê minha bênção ?!

Já eram tantas da madrugada. E o calor de novembro o incomodava.
A janela, ainda que aberta, não fazia frente praquele ar abafado de dentro do quarto.
Abriu as cortinas, e sentou no beiral. Um pito pro peito, empurrado com café do dia anterior.
A noite havia sido curta. Sem muitos proveitos.
Pulou para fora da janela. Na laje.
Encostou no velho sofá, e mais uma vez pôs-se a pensar na vida.
O sono já era lenda.
Lá dentro, o pessoal dormia embriagado pelo êxtase criado durante a noite.

Em sua cabeça, o receio da ilusão.
Estaria ele confundindo as coisas ? Não. Seria aquele sentimento
verdadeiro ? Ele aposta que sim.
A ilusão não chega ao coração.
O que os olhos vêem e os ouvidos escutam, a mente acredita. O coração não ! A mente não consegue controlá-lo.
O coração é o chefe maior; é ele quem dita as regras. A mente pode não aceitar o que vêm dele, mas nunca dar uma ordem contrária.
Mais um pito pro peito, e outro café.
Estava contente, por saber que tinha algo de bom girando na sua cabeça.
O que era ? Nem mesmo ele saberia dizer.
Pensou nas coincidências, ou no acaso, típicos de um filme espanhol. As coisas se encaixavam. Começavam a fazer sentido, como tinha de ser.
Alguém acordou. E pulou pra fora, afim de fazer companhia.

Mais café ?! Talvez o último copo.
Já era quase manhã, e os dois ainda conversavam.
Outro estoura-peito ? Por favor. O último também.
O segundo voltou pra dentro. E ele lá. Ainda esperando que a lua falasse alguma coisa.
E nada.
Nenhuma piscadela. Nenhum asceno.
Foi dormir sem a bênção. E ofegante.
Mas com um sorriso imenso na face.