Um Circo, um Palhaço, um Pipoqueiro, alguns amores, muitos porres. E uns textos complicados sem pé nem cabeça.

18.3.04

Querida garçonete desastrosa:

Foi impossível deixar de notar a mudança de rumo que minha vida tomou.
As cobranças aumentaram ainda mais. Não bastasse a faculdade, ainda tem o estágio (que nem se quer começou, e eu já reclamando). Acho que vou me adaptar rápido à nova vida. Aliás, é o que eu tenho tentado nos últimos dias.
Antes de eu vir parar aqui, achava que quando chegasse, iria logo querer voltar. Mas não foi bem isso o que aconteceu. Talvez porque eu tenha vindo apenas para passar uns dias, e acabei ficando. Pulei aquela parte de despedidas. Não gosto muito delas. Prefiro a saída surpresa, pois assim acumulamos nossa saudade.

E saudade é um mau necessário. Todos nós precisamos dela para controlar nossas emoções. Penso que a morte está diretamente ligada à saudade, pois qual seria a “melhor parte” de ter perdido alguém, se não a saudade ? Agora mesmo, enquanto escrevo isso (uns dias antes de você ler), sinto saudade de várias pessoas. Meus pais, meus irmãos, meus melhores amigos (incluindo meu avô). Tenho saudade até daquelas pessoas chatas que vivem nos importunando, mas que de certa forma acabam equilibrando o nosso humor.
Pra dizer a verdade, eu estava até curioso para saber como é ficar longe desse pessoal todo. Eu lamentava muito por não conseguir encontrar um amor na forma física e moral da mulher, mas acho que agora posso lamentar, e com orgulho, a falta que me fazem essas pessoas que ocupam lugares mínimos, mas aconchegantes no meu coração.

É como aquilo que alguém me disse: “Agora você vai saber o que é voltar pra casa e ter apenas dois dias para ficar junto de quem ama. Vai ver também o poder que tem um abraço verdadeiro”.



Calma porque tem pipoca pra todo mundo...