Um Circo, um Palhaço, um Pipoqueiro, alguns amores, muitos porres. E uns textos complicados sem pé nem cabeça.

6.3.04

- Prazer, Mário de Andrade.

Assim se inicia uma das primeiras atuações do meu alter-ego.
A partir dessa história, passei a notar que quase todo final de semana eu chegava em casa sem chave. Cada dia eu tinha uma desculpa diferente.
Agora imagine você, o grau que eu me encontrava na hora de bolar as desculpas...

Era uma melhor do que a outra.
Essa do M. de Andrade deve ter sido a melhor. E também a que mais me surpreendeu. Eu nunca diria uma coisa dessas, em estado normal.
Ah, o assunto da vez são as chaves.
Não faço a menor idéia de quantas cópias já perdi. No carro dos outros, na casa dos outros, com os outros... Enfim, nunca está comigo.

O curioso é que eu jamais tomei um "fumo de verdade" por causa disso.
No dia seguinte, meu pai vêm com aquele sermãozinho (que eu escuto desde os 14):

- Olha filho, você deve estar de brincadeira com a gente...
- Por que pai !?
- Você sempre chega de madrugada, sem chave, e aperta esse bendito interfone, pra matar a gente de susto...
- Não pai, mas é que...
- Deixa eu te falar uma coisa: depois de uma certa idade...
- Já sei: ... o organismo não produz mais um hormônio chamado serotonina (é assim que escreve?)...
- Pois é. E esse hormônio é que nos faz dormir novamente, depois que acordamos no meio da noite.
- Tá bom pai. Não vai acontecer de novo.


Depois de um tempinho...

- Pai, me dá uma grana pra eu fazer outra chave !?
- Se vira...


É bom mesmo, porque assim eu não perco outra.
Então durante a semana, algum maluco sempre me liga perguntando se eu perdi a chave.

Acho que vou mandar fazer um dedo-chave.
E mesmo assim não duvido nada se algum dia eu o perca...